Guardiola culpa bola pela ‘pouca bola’ do Manchester City – 07/03/2025 – O Mundo É uma Bola


No futebol, quando um time está jogando mal, naquele joguinho sofrível, de passes errados, criatividade escassa, chutes tortos, lambança atrás de lambança, e o resultado não vem, ou custa a vir, fala-se que tal time está “jogando uma bolinha”, que está “faltando bola”.

O supertécnico Pep Guardiola, 54, com passagens por Barcelona e Bayern de Munique e desde 2016 no Manchester City, teve raríssimos momentos de futebol ruim de suas equipes.

Quase sempre, Barça, Bayern e Man City, sob a batuta do espanhol, apresentaram um futebol vistoso, envolvente, baseado em muita troca de passe e paciência para chegar perto da área rival para criar chances de construir a vitória.

Deu certo ano após ano. Na Inglaterra, com Guardiola, o time de uniforme azul-celeste ganhou seis Premier League (o incensado Campeonato Inglês), sendo o atual tetracampeão, uma Champions League, um Mundial de Clubes, duas Copas da Inglaterra, quatro Copas da LIga Inglesa, três Supercopas da Inglaterra e uma Supercopa da Europa. Não é pouco.

Torcedores da equipe, e de outras equipes, assim como a mídia esportiva, acostumada a ver a dominância do Man City, estranharam ao se deparar com uma temporada, a atual, de tropeços constantes do time dos craques Haaland e De Bruyne.

Guardiola, na carreira de treinador, acumula em 2024/2025 seu pior desempenho, com alguma folga: em 43 jogos válidos por competição, foram 14 derrotas do Man City, sendo cinco delas seguidas (de 30 de outubro a 23 de novembro), algo inédito para o espanhol.

Não bastasse, alguns reveses vieram em goleadas marcantes, para Tottenham (4 a 0) e Arsenal (5 a 1), no Inglês, e para Sporting, de Portugal (4 a 1), na Liga dos Campeões. Teve também um 4 a 2 para o PSG, no campeonato europeu.

A queda na performance e as derrotas que se tornaram comuns significaram eliminações precoces na Copa da Liga (para o Tottenham) e na Champions (para o Real Madrid), além da impossibilidade de conseguir o penta na Premier –a diferença do Man City, quarto colocado, para o líder, o Liverpool, é hoje de 20 pontos (67 a 47).

Ou seja, está “faltando bola” à equipe de Guardiola. Que percebe isso e se culpa por isso. Teve um momento, depois do 3 a 3 com o Feyenoord, da Holanda, em que ele, aflito e desapontado, mutilou-se, deixando marcas de unhas na careca e no rosto.

Agora, decidiu poupar a si e aos jogadores e culpar quem? Ela, a bola.

Resta nesta temporada ao Man City e a Guardiola, para que ela não seja um completo fiasco, conquistar a Copa da Inglaterra, em andamento, e/ou o Mundial de Clubes, no meio do ano.

Na competição nacional, o Man City sofreu no mês passado para eliminar o Leyton Orient, da terceira divisão (2 a 1, de virada), e também teve problemas para passar, no dia 1º deste mês, pelo Plymouth Argyle, que está na zona de rebaixamento da segunda divisão. Fez 3 a 1, mas começou perdendo e só marcou o terceiro gol no finalzinho do segundo tempo.

Depois do jogo, ao comentar as muitas chances desperdiçadas –o time finalizou 29 vezes–, Guardiola afirmou que “a bola não está boa”, mencionando o número exagerado de vezes em que o chute sai alto, por cima da trave.

“Há muitos anos isso acontece na Copa da Inglaterra e na Copa da Liga”, disse. “A bola na Liga dos Campeões é excepcional, a bola na Premier League é excepcional. Esta não é.”

A reclamação de Guardiola é procedente? Provavelmente, não. Quando o time vai mal, treinadores sempre tentam achar um culpado.

Geralmente, é a arbitragem (a presencial ou a de vídeo). Algumas vezes, a condição do gramado (na Europa, com verdadeiros “tapetes”, dificilmente cola).

Desta vez, sobrou para a bola. Que, como não fala, nem tem como se defender.

A fabricante da pelota na Copa da Inglaterra é a inglesa Mitre, que em seu site afirma que as bolas “são criadas para maximizar o controle, a precisão e a durabilidade, seja durante o treino ou no dia do jogo”.

A federação inglesa, que organiza a Copa da Inglaterra, diz que as bolas da Mitre “passaram por todos os testes da Fifa”, atendendo aos requisitos necessários.

No futebol de campo, a bola deve ter circunferência de 68 a 70 cm e pesar de 410 a 450 gramas.



Folha de S.Paulo