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Fluxo intenso de turistas pode afetar as famosas dunas de Jericoacoara


A redução e até a possibilidade de desaparecimento das dunas do Parque Nacional de Jericoacoara têm preocupado especialistas por causa do impacto da ação humana nos últimos anos.
O fluxo intenso de turistas causa compactação do solo, erosão e degradação da vegetação nativa, interferindo no equilíbrio natural das dunas.
Localizado no litoral cearense, o parque aplicou cerca de 200 multas a turistas e empresas que infringiram regras ambientais em 2024. Os dados foram divulgados em outubro de 2024 pela BBC News Brasil.
As multas aplicadas não chegaram a ser as mais altas, que geralmente ocorrem em casos de grande impacto ambiental e crimes como o desmatamento ilegal em outras áreas.
Ainda assim, o montante arrecadado nos últimos dois anos em Jericoacoara é expressivo: o valor supera todas as multas acumuladas nos anos anteriores, desde a abertura do parque, em 2002.
A situação tem levado biólogos e geógrafos a expressar preocupação com a perda das características particulares do parque e de sua região.
Fundado em fevereiro de 2002, o Parque Nacional de Jericoacoara está localizado a cerca de 300 km de Fortaleza, em uma área de 8,4 mil hectares.
Antigamente uma pequena vila de pescadores, a região se transformou em um importante destino turístico internacional, conhecida por suas praias deslumbrantes, dunas e lagoas.
Em 2024, foi divulgado que Jeri, como é conhecido popularmente, foi o terceiro parque mais visitado do Brasil no balanço do ano anterior (2023) recebendo 1,4 milhão de pessoas.
A partir da década de 70 começaram a surgir os primeiros visitantes na vila. Nos anos 2000 Jericoacoara se tornou um destino badalado, nacional e internacionalmente, e comercial, comforme explicou em entrevista o professor Davis de Paula, da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Segundo Davis, a principal atração da cidade está ligada ao seu isolamento natural. O fato da cidade estar cercada por um campo de dunas dificulta o acesso e torna o trajeto uma experiência por si só.
Com a inauguração do aeroporto de Jericoacoara em 2017, o fluxo de turistas aumentou consideravelmente.
Hoje, para atender essa demanda, a vila tem mais de 300 opções de hospedagem e conta com uma infraestrutura que inclui restaurantes, bares e outros serviços.
O Consórcio Dunas, um grupo privado que assumiu a gestão de serviços do parque a partir deste ano, planeja investir na infraestrutura de Jeri ao longo dos próximos 30 anos.
Apesar dessa alteração, o ICMBio permanece encarregado da administração geral, além de conduzir pesquisas científicas, fiscalizar e proteger o meio ambiente local.
O ICMBio também alerta sobre o impacto negativo do trânsito de veículos motorizados nas dunas, que agrava a erosão e danifica a paisagem.
Segundo um estudo do órgão, o tráfego intenso de veículos representa um dos maiores problemas para a região, pois os carros que circulam pelas vias de terra ou areia da vila geram poluição sonora e colocam pedestres em risco.
Essa situação ocorre porque a Vila de Jericoacoara, onde a maioria das atividades turísticas está concentrada, fica completamente rodeada pela área do parque, e muitas dessas atividades dependem do uso de veículos.
Para enfrentar o problema, a prefeitura local publicou um decreto proibindo a circulação de veículos UTV (mistura de carro e quadriciclo) na vila e em áreas ambientais sensíveis, após uma cobrança do Ministério Público do Ceará.
Além das belezas naturais, Jericoacoara é conhecida pela prática de esportes ao ar livre, como kitesurf e windsurf, aproveitando os ventos constantes da região.



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