Dólar abre em baixa, com mercado repercutindo tarifas recíprocas de Trump




No dia anterior, a moeda norte-americana subiu 0,10%, cotada a R$ 5,7684. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou com um avanço de 0,38%, aos 124.850 pontos. Trump assina memorando sobre reciprocidade tarifária
Kevin Lamarque/Reuters
O dólar opera em baixa nesta sexta-feira (14) com os mercados globais repercutindo a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas recíprocas para todas as importações que chegam ao país.
Na prática, a medida visa igualar as tarifas cobradas pelos EUA para receber produtos de outros países em relação aos que outros países cobram para importar os mesmo produtos vindos dos EUA.
Essas tarifas só devem começar a valer em 1° de abril, o que reduziu a pressão sobre o dólar neste pregão. No entanto, há uma preocupação de investidores e economistas de que o tarifaço possa pressionar a inflação norte-americana.
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No Brasil, o destaque fica com novos dados do mercado de trabalho. A taxa anual de desemprego foi a menor da história em 14 estados brasileiros em 2024, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, publicada pelo IBGE.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3 opera em alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 10h40, o dólar caía 0,70%, cotado a R$ 5,7283. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,10%, cotada a R$ 5,7684.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,42% na semana;
recuo de 1,18% no mês; e
perdas de 6,66% no ano.

a
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,85%, aos 125.906 pontos.
Na véspera, o índice teve alta de 0,38%, aos 124.850 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,19% na semana;
perdas de 1,02% no mês;
ganho de 3,80% no ano.

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O que está mexendo com os mercados?
O “tarifaço” de Trump continua a repercutir entre investidores do mundo todo. Nesta quinta-feira, o presidente norte-americano anunciou a criação de tarifas recíprocas aos países que cobram taxas de importação sobre os produtos norte-americanos.
O memorando, assinado durante a tarde, não estabeleceu tarifas específicas para países específicos, mas trouxe uma orientação geral de reciprocidade aos países que impõem dificuldades ao comércio dos EUA.
“Os outros países podem reduzir ou eliminar suas tarifas. Queremos um sistema nivelado”, disse Trump, em coletiva de imprensa na Casa Branca
Entre os exemplos para a nova política de tarifas, o governo norte-americano citou o etanol brasileiro:
“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil.”
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AMCHAM) comentou, em nota, que a relação comercial entre o Brasil e os EUA é “equilibrada e benéfica para empresas, trabalhadores e consumidores de ambos os países” e, por isso, é necessário que os governos dos dois países conversem para buscar soluções equilibradas.
“Embora a tarifa média nominal brasileira para o mundo seja de 12,4%, a tarifa média efetiva ponderada sobre as importações americanas é de apenas 2,7%”, destacou a AMCHAM.
Além disso, o presidente norte-americano também voltou a ameaçar o BRICS — grupo de coordenação econômica formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — com uma taxa de “no mínimo 100%” caso os países do bloco insistissem na ideia de trocarem o dólar dos EUA por outra moeda em suas transações.
As taxações anunciadas por Trump voltam a acender um alerta entre investidores e economistas pelo mundo. Isso porque os preços dos produtos que chegam aos EUA, ou que dependem de insumos importados para serem produzidos, tendem a ficar mais caros com o aumento das tarifas de importação.
Isso não apenas pressionaria a inflação norte-americana e poderia impossibilitar novos cortes de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), como também pode acabar impactando os preços pelo mundo, trazendo o risco de uma elevação global da inflação.
Além disso, juros elevados nos EUA também aumentam o rendimento dos títulos públicos norte-americanos, considerados os mais seguros do mundo. Isso tende a provocar uma migração de capital estrangeiro para o país e a fortalecer o dólar em relação a outras moedas.
Dólar mais caro também impacta a inflação em todo o mundo, já que essa é a principal moeda para as negociações comerciais. Isso também pode pressionar os preços principalmente das commodities, como combustíveis e alimentos.
Para o Brasil, os impactos, por enquanto, ainda são mais setoriais, segundo Stefânia Ladeira, especialista em comércio exterior e Partner na Saygo Comex.
“Embora o Brasil possa se beneficiar de retaliações comerciais contra os Estados Unidos por parte de outros países, é preciso cautela. O aumento das tarifas pode diminuir significativamente o volume de exportações brasileiras para o mercado americano, afetando setores que dependem desse destino. O desafio será equilibrar as perdas potenciais com a busca por novos mercados e parcerias comerciais”.
Ainda no Brasil, o IBGE divulgou novos números sobre o mercado de trabalho em nível estadual.
Os 14 estados com queda no desemprego foram: Acre (6,4%), Amazonas (8,4%), Amapá (8,3%), Tocantins (5,5%), Maranhão (7,1%), Ceará (7,0%), Rio Grande do Norte (8,5%), Alagoas (7,6%), Minas Gerais (5,0%), Espírito Santo (3,9%), São Paulo (6,2%), Santa Catarina (2,9%), Mato Grosso do Sul (3,9%) e Mato Grosso (2,6%).
O IBGE já havia divulgado no último dia 31 que o país encerrou o ano passado com a menor taxa média de desemprego (6,6%) desde o início da série histórica, em 2012. Agora, trouxe o recorte por estado.
As maiores taxas médias de desocupação registradas foram da Bahia, Pernambuco (ambos com 10,8%), Distrito Federal (9,6%) e Rio de Janeiro (9,3). Já as menores foram de Mato Grosso (2,6%), Santa Catarina (2,9%) e Rondônia (3,3%).
*Com informações da agência de notícias Reuters.



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