Proibição do uso de celulares nas escolas pode causar ansiedade e irritabilidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta segunda-feira (13) a lei que proíbe o uso de celulares em escolas públicas e privadas em todo o Brasil. A medida abrange as instituições de educação básica, incluindo pré-escola, ensino fundamental e ensino médio, e estipula que os aparelhos não podem ser utilizados durante as aulas, intervalos ou recreios.

A legislação permite exceções apenas para fins educacionais, inclusão, acessibilidade, questões de saúde ou quando necessário para assegurar direitos fundamentais.

Segundo Cleyton Costa, diretor geral da educação adventista das unidades da região ABCDM e Litoral, a proibição apresenta desafios tanto para estudantes quanto para educadores.

“Para uma geração que cresceu cercada por telas e que vê o celular como uma extensão de si mesma, a proibição do uso na escola pode desencadear uma espécie de ‘abstinência digital’ que afeta tanto o bem-estar emocional quanto o físico dos alunos. Muitos jovens hoje nunca conheceram um mundo sem acesso instantâneo à informação, redes sociais e entretenimento na palma de suas mãos, e essa mudança abrupta de cenário pode provocar diferentes tipos de desconforto e desafios”, aponta.

Especialistas alertam que essa transição pode gerar efeitos emocionais, como ansiedade e irritabilidade, especialmente entre os estudantes que possuem o hábito constante de verificar notificações. A ausência do dispositivo pode gerar uma sensação de desconexão de eventos importantes, fenômeno conhecido como FOMO (Fear of Missing Out, ou “medo de ficar de fora”).

Cleyton também menciona que os impactos podem ir além do emocional, atingindo o físico. “A abstinência do uso do celular pode levar alguns jovens a sentir sintomas como as chamadas ‘dores fantasmas’, quando acreditam que o celular vibrou ou está em suas mãos, mesmo não estando. Essa reação é comparável à de pessoas acostumadas com hábitos repetitivos e que de repente se veem privadas deles”, explica.

O desafio também recai sobre os educadores, que precisam se adaptar à nova realidade. “O professor também precisa mudar. Ele também vive a dependência e vai lidar com alunos que estão em abstinência e tédio, e que, possivelmente serão mais questionadores e atentos. O apoio de toda a comunidade escolar é necessário nesse período de adaptação de ambos os lados”, finaliza.