Sepe denuncia desvios da Educação de Cabo Frio ao Ministério Público

Sepe denuncia desvios da Educação de Cabo Frio ao Ministério Público
Foi parar no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) a denúncia feita pelo ex-secretário de Educação de Cabo Frio, Rogério Jorge, sobre o suposto desvio de mais de R$ 81 milhões que teria sido feito pela Secretaria de Educação na gestão da ex-prefeita Magdala Furtado. De acordo com notícia publicada na edição impressa da Folha dos Lagos deste final de semana, no último dia de 2024, quando ainda era secretário, Rogério repassou à coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe Lagos), Denize Alvarenga, dados que indicam o possível desvio milionário de recursos do setor. Em conversa com a Folha, esta semana, Denize afirmou que já encaminhou o assunto ao Ministério Público e aguarda uma audiência com representantes do órgão.

Os documentos encaminhados ao sindicato sugerem que recursos que deveriam ter sido destinados exclusivamente à Secretaria Municipal de Educação (Seme) foram desviados para emprego em outros setores da administração pública. Os desvios, segundo o Sepe, afetaram diretamente o funcionamento e a qualidade dos serviços prestados nas escolas públicas do município ao longo do ano de 2022.

Segundo o levantamento apresentado por Rogério, mais de R$ 81 milhões deixaram de ser investidos na educação pública de Cabo Frio. Segundo Denize, esses recursos seriam provenientes do Fundeb, dos royalties do petróleo e de outros fundos específicos. Os valores, segundo o Sepe, teriam sido ilegalmente retidos pela Secretaria Municipal de Fazenda, por determinação da prefeita Magdala Furtado.

– O relatório apresentado por Rogério detalha que mais de R$ 31,6 milhões teriam sido desviados somente dos royalties do pré-sal. Dinheiro que, conforme exige a Lei Federal nº 12.858, em vigor no país desde 2013, deveria ser usado para investir nas escolas e nos profissionais da educação – alertou Denize em comunicado feito pelo sindicato.Em nota, a coordenadora do Sepe Lagos afirmou ainda que “o escárnio na denúncia feita pelo ex-secretário em seu último dia de atividade à frente da Secretaria de Educação é que ele próprio, durante toda sua gestão, obstruiu os trabalhos dos mecanismos de controle social da educação”. Segundo Denize, Rogério, enquanto secretário no governo Magdala, “buscou desqualificar o Sepe Lagos e criminalizar os trabalhadores que fizeram greve contra a política de reajuste salarial zero e em defesa de mais investimentos na educação”.

Rogério Jorge e sua irmã, Rejane Jorge, também ex-secretária deste governo criminoso, se negaram a compartilhar informações públicas sobre as contas da educação, mesmo diante de numerosas solicitações formais feitas pelo Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb (CACS-Fundeb), pelo Conselho Municipal de Educação (CME) e pelo Conselho de Alimentação Escolar (CAE). Por todo esse histórico de escamoteamento dos dados financeiros da educação, a “denúncia” feita pelo secretário mais parece uma confissão de culpa em que ele atribui a participação de terceiros nas irregularidades relatadas – afirmou o Sepe em nota. No comunicado, o sindicato alega ainda que “essa permanente postura anti-transparência dos irmãos Jorge, sempre alinhados aos desmandos de Magdala, visou encobrir a destinação irregular dos recursos e provavelmente a prática de outros atos ilícitos”. Diz ainda que “a dupla ignorou por completo o direito da população civil ao acesso às informações públicas relativas às finanças da educação.”

De acordo com Denize Alvarenga, a falta de investimento direto na educação resultou em diversas consequências negativas para as comunidades escolares cabo-frienses. Segundo ela, professores e demais servidores não receberam os pagamentos de dezembro e tiveram descontos injustificados no 13º salário, “além de estarem amargando, há mais de dois anos, uma política de congelamento salarial, sem terem sequer a reposição inflacionária”. Afirma ainda que “as escolas sofrem, como nunca, com a falta de infraestrutura adequada e a ausência de equipamentos e materiais básico”.

A denúncia, no entanto, não supreendeu Denize. Ela afirma que o Sepe Lagos sempre denunciou a falta de transparência das gestões de Rogério e Rejane à frente da Secretaria de Educação de Cabo Frio. Garante ainda que tem, insistentemente, cobrado que o Ministério Público realize uma investigação aprofundada sobre esta e outras irregularidades.

– Não apenas houve omissão dos gestores, mas também uma tentativa clara de ocultar informações que deveriam estar sempre acessíveis a toda a população. Isso compromete não apenas a educação, mas a própria confiança na administração pública – afirmou Denize, lembrando que se estes desvios forem confirmados, deveriam ser enquadrados como crimes de improbidade administrativa, com condenação da ex-prefeita Magdala Furtado e todos os possíveis envolvidos, a devolverem os valores aos cofres públicos, além de enfrentarem sanções como a perda de seus direitos políticos e de eventuais vínculos com o serviço público.

 

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Fonte: Folha dos Lagos
Fotos: divulgação