Avaliação Peugeot 2008: o SUV ficou, enfim, competitivo


Por Flávio Silveira

“Tudo o que temos de melhor.” Assim Fabiana Figueiredo, vice-presidente da Peugeot na América do Sul, define o novo 2008. E, se os franceses sempre foram fortes em design, e a primeira impressão é a que fica, será amor à primeira vista de muita gente. Os fãs do modelo “antigo” poderão se atualizar para um carro bem maior e melhor (antes parecia uma peruinha), e os consumidores que nem olhavam para o Peugeot agora vão torcer o pescoço quando ele passar nas ruas. Afinal, o SUV compacto passou a ter porte para brigar de igual para igual com os demais SUVs compactos, além de um design moderno e chamativo.

 Externamente, logo de cara chamam a atenção o bom vão livre do solo e as formas marcadas.

Depois, notamos a atenção aos detalhes, como a grade com “pampilles”, os faróis de LED “3D” e as rodas aro 17 (versão GT avaliada), além da assinatura visual única com as garras do leão e o novo logo da marca (que mostra só a cabeça do animal).

• Enfim, uma identidade mais forte, com toques inovadores do conceito de cabine que estreou na geração anterior e a marca chama de “i-cockpit”. Bela, ergonômica e muito estilosa, ela foi atualizada mais uma vez e tem um cluster de 10,3” na altura que é visto por cima do volante pequeno e ovalado. Este último foi redesenhado e aparece em versões 2D e 3D, ambas com várias opções de visualização (a segunda é especialmente bela e diferente).

No mais, a configuração GT avaliada tem teto panorâmico, acabamento com poucos materiais macios – como na maioria dos rivais –, mas que agradam visualmente, como black piano e uma imitação de fibra carbono. Dão ao SUV um ar de esportividade e combinam com o interior “dark”, com costuras verdes.

Na usabilidade, apesar de ter muitas funções na sua tela de 10,3”, há teclas logo abaixo para se acionar rapidamente funções como recirculação de ar, um botão “home” que alterna facilmente entre Android/CarPlay (sem fio) e a interface Peugeot e um velho e bom botão de volume. Tecnológico, mas sem complicação.

O espaço interno não é o maior da categoria, mas cresceu com a adoção da nova plataforma CMP e fica dentro da média, com espaço para cinco ocupantes, mas ideal só para quatro, e 374 litros de porta-malas.

Já a lista de equipamentos tem altos e baixos. A versão Active tem faróis full-LED, rodas aro 16, painel digital e freio de mão elétrico, mas só quatro airbags. Para ter carregador por indução, câmera 360o, bancos de couro e chave presencial, é preciso levar a Allure, e a GT ganha as bolsas de ar extras, teto bitom, os faróis mais bonitos e teto panorâmico – mas fica devendo retrovisor eletrocrômico.

Em relação aos ADAS, o 2008 tem alerta de ponto cego na Allure e só na topo de linha soma os de colisão com frenagem automática e de saída de faixa, além de luz alta automática e leitor de placas – mas nunca oferece ACC.

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(Divulgação)
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Um dos destaques aparece na cabine, onde a marca trabalha bem curvas e texturas. O volante é pequeno e baixo, e o belo cluster digital (3D no GT) fica na altura dos olhos, visto por cima dele. A tela central e o botão do freio de mão elétrico junto à alavanca de câmbio – com costuras verdes na versão top. Em relação ao espaço interno, o 2008 fica na média.

Enfim, SUV

Ao entrar no 2008, o ponto H (altura do quadril do motorista) mais alto garante, enfim, a sensação ao volante de um “verdadeiro” SUV compacto. Acostumado ao i-cockpit, rapidamente encontrei uma boa posição ao volante, que é amplamente ajustável. Quem nunca guiou um Peugeot com “i-cockpit” demora mais, mas o resultado é sempre bom: as telas ficam no campo de visão, sem bloqueá-la, e não exibem reflexos mesmo quando se abre a cobertura (acionamento manual) do amplo teto panorâmico sob o sol forte de Alagoas.

Em um primeiro trecho de asfalto novíssimo, a carroceria mais alta e com maior distância do solo – somada à suspensão traseira com eixo de torção, como em todos os SUVs compactos, mas aqui com acerto excessivamente macio – proporciona uma dinâmica que claramente privilegia o conforto e contrasta com a sensação de esportividade proporcionada tanto pelo visual quanto pela direção pequena e direta (porém um pouco imprecisa). Não que seja um carro inseguro – no limite, os amortecedores de dupla ação ajudam a manter bem o controle –, mas fica longe do bom acerto de um VW T-Cross ou de um Honda HR-V.

Nessa pista mais “lisa”, um bom isolamento acústico escondeu bem ruído, aspereza e vibrações do motor tricilíndrico 1.0 turbo Firefly de 130 cv e 200 Nm, o mesmo do Fiat Pulse, entre outros modelos (na Europa, o 2008 tem motor 1.2 PureTech turbo, melhor e que já passou pelo Brasil em versão aspirada antes do casamento que resultou na Stellantis). Ele só é ouvido/sentido em rotações mais altas, pouco necessárias quando se usa adequadamente o câmbio CVT. Este finge muito bem ser o que não é, sempre simulando sete marchas para dar a sensação de trocas – ainda que suaves, também priorizando conforto e consumo (a 120 km/h, são 2.200 rpm; fiz 10 km/l com etanol no teste; dados do PBEV abaixo).

Subindo a montanha em direção à capital, notei que, apesar do freio de mão eletrônico, falta um sistema auto-hold (há assistente de rampa, que atua só por três segundos). Em uma estrada mais livre, incomoda o atraso nas respostas ao pé direito – parte culpa do câmbio CVT, parte do motor turbinado, parte do ajuste eletrônico do pedal. De novo, a proposta é de conforto e suavidade…

Mas, felizmente, há também o botão Sport – mal localizado, à esquerda do volante, mas que deixa o SUV mais “esperto” e garante 0-100 km/h em razoáveis 10,1 segundos.
• Com ele acionado, e usando junto o modo manual do câmbio, dá para controlar melhor os giros e evitar os outros dois “lags” citados.
• As trocas sequenciais são rápidas, e é possível fazer intervenções pontuais ou ativar o modo “manual de verdade”. Pena que as aletas não se movem com o volante, como ocorre na maioria dos carros com o sistema.
 E, na falta do bom e velho 1.6 THP, que enfim se aposenta, bem que ele merecia uma opção 1.3 turbo de 185 cv com um acerto mais firme, que seja esportiva de verdade. Tipo um Pulse Abarth. Aguardamos!

Por fim, encontrei estradas de terra em meio aos canaviais da região – onde o 2008 pôde mostrar seu talento para aventuras leves, nas quais o acerto das suspensões e os 22,7 centímetros de vão livre (23 na Active) mostraram sua razão de ser: desenvolvi boa velocidade sem preocupação com pedras ou calombos, e com muito conforto – palavra que não aparece aqui muitas vezes por acaso, uma vez que é a marca deste Peugeot.

Tudo bem, o 2008 é um excelente SUV, mas e os preços? Inicialmente, são muito bons: R$ 124.990 para a opção Active, R$ 134.990 para a Allure e R$ 154.990 para a configuração GT.

(Divulgação)
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A traseira com o nome da marca na barra black piano que liga as lanternas: no lado direito, a identificação Turbo 200, que faz alusão ao torque do motor 1.0 turbinado de origem Fiat. Acima, o teto panorâmico amplo, que garante mais luminosidade a aumenta a sensação de espaço na cabine. Ele tem cobertura rígida, necessária em dias quentes de sol mais forte.

Peugeot 2008 GT

Preço Básico R$ 124.990
Carro avaliado R$ 154.990

Motor: três cilindros em linha 1.0, 12V, turbo, injeção direta, comando variável na admissão
Combustível: flex
Potência: 125 cv (g) e 130 cv (e) a 5.750 rpm
Torque: 200 Nm a 1.750 rpm (g/e)
Câmbio: automático CVT, sete marchas simuladas, trocas sequenciais
Direção: elétrica
Suspensão: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: discos ventilados (d) e discos sólidos (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,309 m (c), 1,776 m (l), 1,548 m (a)
Entre-eixos: 2,612 m
Pneus: 215/60 R17
Porta-malas: 374 litros
Tanque: 47 litros
Peso: 1.300 kg
0-100 km/h: 10s3 (e) e 10s4 (g)
Vel. máxima: 194 km/h (e) e 191 km/h (g)
Consumo cidade: 12,3 km/l (g) e 8,6 km/l (e)
Consumo estrada: 13,7 km/l (g) e 9,8 km/l (e)
Nota do Inmetro: C*
Classificação na categoria: B* (SUV Compacto) *estimadas



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