Deputados alemães rejeitam moção de confiança de Scholz e abrem caminho para eleições em fevereiro


O chanceler Olaf Scholz chega ao Parlamento alemão, 16 de dezembro de 2024 em Berlim
TOBIAS SCHWARZ

O chanceler Olaf Scholz chega ao Parlamento alemão, 16 de dezembro de 2024 em Berlim

Tobias Schwarz

O chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, perdeu, nesta segunda-feira (16), uma moção de confiança no Bundestag, a Câmara baixa do Parlamento, abrindo caminho para a realização de eleições gerais antecipadas em 23 de fevereiro.

A votação no Bundestag, que Scholz já esperava perder, permite ao presidente Frank-Walter Steinmeier dissolver a legislatura e declarar formalmente o retorno às urnas.

A votação ocorreu após um intenso debate na câmara, onde os grupos políticos se acusaram mutuamente pelo adiantamento das eleições.

Scholz, de 66 anos, aspira a outro mandato, mas está fragilizado nas pesquisas, ficando atrás do líder opositor conservador Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã (CDU), o partido da ex-chanceler Angela Merkel.

Após mais de três anos no poder, a coalizão tripartite liderada pelo Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz, junto com os Verdes e o Partido Democrático Liberal (FDP), rompeu-se em 6 de novembro.

A Alemanha está há meses em crise política enquanto tenta reviver sua economia, atingida pelos preços da energia e pela dura concorrência da China.

O governo de Berlim também enfrenta os desafios impostos pela guerra da Rússia na Ucrânia e pelo iminente retorno de Donald Trump à Casa Branca, que coloca em dúvida as futuras relações comerciais com os Estados Unidos.

Essas questões foram o foco do acalorado debate desta segunda-feira entre Scholz, Merz e outros líderes políticos.

Por fim, 207 parlamentares mantiveram a confiança em Scholz, enquanto 394 votaram contra, com 116 abstenções.

Durante o debate, Scholz argumentou que seu governo conseguiu fortalecer as forças armadas que os governos anteriores, liderados pela CDU, haviam deixado “em um estado deplorável”.

“Já é hora de investir poderosamente e de forma decisiva na Alemanha”, disse Scholz, alertando que “uma potência nuclear altamente armada [Rússia] está travando uma guerra na Europa a apenas duas horas de voo daqui”.

Merz, no entanto, respondeu que Scholz havia abandonado o país “em uma das maiores crises econômicas do pós-guerra”. “Você teve sua chance, mas não a aproveitou […] O senhor, Scholz, não merece confiança”, disse.

Merz, um ex-advogado que nunca ocupou um cargo no governo, foi um dos principais críticos da coalizão tripartite, que se desfez por desacordos fiscais e econômicos.

Em 6 de novembro, quando Scholz demitiu seu ministro das finanças, Christian Lindner, do FDP, a coalizão colapsou.

Scholz voltou a criticar Lindner nesta segunda-feira pelo “sabotagem” que destruiu a coalizão e prejudicou “a reputação da democracia”.

Desde a saída do FDP, Scholz lidera um governo minoritário com os Verdes, incapaz de aprovar projetos de lei importantes ou um novo orçamento.

O panorama político alemão está mais fragmentado do que nunca desde o surgimento, nos últimos anos, do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

A AfD passou de ser um partido marginal eurocético a se tornar uma força política importante, e agora conta com cerca de 18% do apoio do eleitorado.



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