Quadrilha frauda licitações e superfatura obras feitas com emendas parlamentares


O grupo movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão
Reprodução/TV Globo

O grupo movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão

A Polícia Federal desmantelou uma quadrilha formada por empresários e servidores públicos acusados de fraudes em licitações e superfaturamento de obras públicas financiadas com emendas parlamentares. O grupo operava em diferentes estados e teria desviado quase R$ 50 milhões em recursos públicos nos últimos dois anos apenas no município de Campo Formoso, na Bahia.

De acordo com informações do Fantástico, programa da TV Globo, investigações apontaram que as fraudes se concentraram em obras públicas de comunidades como Laje dos Negros e Lagoa Porco. No total, as obras no município alcançaram R$ 45 milhões, mas se encontravam em estado precário.

O delegado Tiago dos Santos Souza afirmou que “o que a gente não consegue, nesse momento afirmar, é a participação de políticos na atuação criminosa, até porque a destinação das emendas é uma conduta lícita e prevista na legislação do Brasil”.

Segundo a polícia, o esquema utilizava emendas parlamentares para direcionar recursos públicos a estados, municípios e autarquias. A quadrilha ajustava editais de licitação, eliminava concorrentes e negociava propinas com funcionários públicos.

Dinheiro obtido pelo esquema era transportado em jatinhos entre os municípios envolvidos e Brasília, e posteriormente lavado por meio de empresas de fachada, supermercados e peixarias.

Entre os acusados estão Alex Rezende Parente, empresário e sócio da Allpha Pavimentações, Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-coordenador do DNOCS na Bahia, e José Marcos de Moura, empresário com atuação em Brasília.

Outros 14 empresários, servidores públicos e vereadores também foram indiciados. A investigação resultou na apreensão de R$ 1,5 milhão em espécie, 23 carros de luxo, três iates, seis imóveis e diversas joias, além de mais de R$ 3 milhões em dinheiro.

Com o avanço da operação, 17 pessoas foram presas, enquanto Itallo Moreira de Almeida, funcionário do governo de Tocantins, está foragido. Um áudio contendo conversas comprometedoras e uma planilha detalhando o esquema foram encontrados entre os documentos apreendidos.

Lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos

A quadrilha também é acusada de lavar dinheiro e desviar recursos por meio de empresas fantasmas. Os servidores envolvidos recebiam propina para fornecer informações privilegiadas e favorecer as empresas participantes do esquema, de acordo com as investigações. O grupo movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão.

Em resposta às denúncias, o prefeito de Campo Formoso, Elmo Nascimento, anunciou a abertura de uma investigação interna para apurar eventuais irregularidades. Em Jequié, a prefeitura exonerou uma servidora e instaurou uma sindicância para averiguar os fatos.



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