Golpistas usavam a tecnologia para burlar áudios com a voz de pessoas ligadas ao meio de futebol e pedir dinheiro para projetos sociais. Uso de Inteligência Artificial para simular áudios é investigado. Além de Dorival, quadrilha se passava por Cuca e citava doação de Gabigol para aplicar golpes
A quadrilha que, segundo a polícia, se passou pelo técnico Dorival Júnior para aplicar golpes financeiros em atletas fingiu também ser o técnico Renato Gaúcho e citou uma suposta doação do jogador Gabriel Barbosa para incentivar que os outros também transferissem dinheiro.
Lucas de Oliveira Eduardo foi preso em flagrante em Itaperuna nesta quinta-feira (12). Para a polícia, ele é o chefe da organização criminosa, que atua pelo menos desde 2022.
Segundo a investigação, os bandidos usaram uma foto do ex-atleta num perfil falso no WhatsApp para pedir a outros jogadores, ex-jogadores e técnicos uma doação para ajudar a salvar uma criança que tinha uma doença rara.
A polícia encontrou um perfil falso ativo no celular de Lucas com a foto de Renato Gaúcho nesta manhã. Em um dos golpes investigados, os criminosos fingiram ser o técnico Cuca e chegaram a enviar áudios para dar credibilidade.
Na conversa com um jogador, o golpista se passa pelo técnico Cuca e fala que o motivo do contato era angariar doações para cidades do Rio Grande Sul atingidas pela enchente.
“Vamos fazer uma ação aqui aonde vamos destinar 20 caminhões fechados com itens como roupas de cama, colchões, cestas básicas”, diz o golpista.
Em seguida, ele dá uma sugestão: “Acima de 200 cestas básicas, sai a R$ 85 cada, ai fica a teu critério. Graças a Deus a maioria tá ajudando, Gabigol acabou de ajudar com 400”.
Após o golpe, a quadrilha ainda pedia que a vítima gravasse um vídeo encorajando outras pessoas a fazerem doações.
Ao menos dois jogadores foram enganados com o perfil do Dorival e fizeram transferências para os golpistas, entre eles, Oscar, que já jogou na seleção brasileira. Pelas contas deles, os policiais conseguiram chegar à quadrilha.
Dorival Júnior
Pilar Olivares/Reuters
Segundo a polícia, os golpistas usavam a tecnologia para burlar áudios com a voz de pessoas ligadas ao meio de futebol e pedir dinheiro para projetos sociais e em prol das vítimas das enchentes no Sul.
A polícia investiga como os áudios do técnico foram criados. Há suspeitas que os investigados possam ter editado entrevistas ou usado Inteligência Artificial (IA) para simular a voz de Dorival.
Ricardo Monteiro, advogado de Dorival e membro da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/RJ, diz que os golpes virtuais estão cada vez mais sofisticados, com o uso de IA. Ele alerta que é importante ter cuidado.
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Reprodução
G1 Norte Fluminense
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