Durante anos uma parceria perversa entre a CBF e a Globo impediu que o Brasil sequer discutisse a implantação de um verdadeiro campeonato nacional como os vividos há décadas nos demais países do primeiro mundo do futebol.
A dupla de compadres Ricardo Teixeira, na CBF, e Marcelo Campos Pinto, na Globo, ambos denunciados pelo Fifagate, em nome da emoção dos mata-matas, de resto presente em todos os demais torneios, bloqueava a existência de competição que garantisse atuação por toda a temporada e premiasse a equipe mais regular, quase sempre a melhor.
Só em 2003, com a aprovação do Estatuto do Torcedor, criado no governo FHC por medida provisória, e promulgado como lei na primeira gestão de Lula, o dito país do futebol passou a ter o campeonato em turno e returno com pontos corridos.
Os frutos, independentemente de retas finais de matar do coração ou não, são fartamente colhidos com o aumento paulatino do torcedor nos estádios, fruto da possibilidade dada aos clubes de se planejarem com segurança de manutenção da fórmula e sem férias forçadas por eliminações precoces.
Além disso, mais uma vez, em sua 22ª edição, apenas um ano depois de atingir a maioridade, o Brasileirão chega ao fim em clima de respiração suspensa para palmeirenses e botafoguenses, cabeça a cabeça, com os mesmos 70 pontos.
Os alviverdes contam com uma vitória a mais, situação que permite receber o rival, nesta terça-feira (26), com o conforto de quem pode empatar e deixar as duas últimas rodadas, contra o Cruzeiro, fora, e o Fluminense, em casa, para ser tricampeão seguido, façanha até hoje só alcançada pelo São Paulo.
O Palmeiras tem jogado o melhor futebol em 2024?
Certamente, não.
O Botafogo andou jogando bem melhor, às vezes de maneira encantadora mesmo, o Fortaleza fez exibições mais agradáveis de se ver, até o Inter, em belíssima recuperação após o flagelo que assolou o Rio Grande do Sul, e o Flamengo, mais raramente, depois de ter recuperado seu DNA.
Pragmático, equilibrado, regular, consistente, frio (juro que não usarei o tão batido resiliente, como narrativa), qualifique como quiser o desempenho alviverde, apenas reconheça que time algum chega pela terceira vez seguida na ponta de campeonato dificílimo sem ter todos os méritos.
A 35ª rodada, neste fim de semana, o demonstrou à farta.
Lá se foram os pupilos do professor Abel Ferreira enfrentar os lanterninhas do Atlético Goianiense em território hostil. Limitaram-se a fazer 1 a 0, com gol de Raphael Veiga e jogada espetacular de Estêvão, antes do 20° minuto, e administraram sem sustos, nem brilho, o resultado até o fim.
Enquanto isso, no Nilton Santos, o até então líder Botafogo sofria para empatar com o Vitória, ao sair atrás também aos 19 minutos do primeiro tempo, e só fazer o 1 a 1 no final do segundo, graças a gol contra, com o que o Glorioso completou o terceiro jogo sem que jogador seu marcasse nem sequer um gol. Na hora agá. Ficou no 0 a 0, também em seu estádio, com o Criciúma, e com o Atlético Mineiro, contra dez, no Horto sem torcida.
O alvinegro pode vencer na casa verde, ser campeão brasileiro e continental.
Para tanto, precisará ter a mesma competência do Palmeiras e jogar muito mais futebol.
Pontos corridos!
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