Depois de atrasos e desavenças, a COP29 , conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), chegou a um acordo financeiro para o texto final. Durante o sábado (23) as negociações em Baku, Azerbaidjão, combinaram em fechar em US$ 300 bilhões anuais em financiamento de países pobres.
A COP ficou dias travadas no embate de dinheiro e ganhou o apelido de “ COP das finanças .” O pedido inicial dos países em desenvolvimento era que países ricos financiassem US$ 1,3 trilhão para ajudar em ações contra as mudanças climáticas.
O valor inicial apresentado do texto, no entanto, foi muito abaixo: US$ 250 bilhões – número cerca de cinco vezes menor do que o pedido. Depois de discussões durante o sábado (23), no entanto, o número subiu para US$$ 300 bilhões.
Cúpula foi um “desastre”
O texto final da COP29 deveria ter sido entregue na sexta-feira (22). Porém, o fechamento desta reportagem é na noite de sábado (23) e não há texto final. Foi dificil para os quase 200 países na cúpula chegarem a um acordo sobre planos ecológicos e econômicos para o futuro.
Países em desenvolvimento não ficaram nada contentes com o valor destinado ao financiamento. Mohamed Adow , diretor do think tank Power Shift Africa, disse: “Esta COP foi um desastre para o mundo em desenvolvimento. É uma traição às pessoas e ao planeta, por parte dos países ricos que afirmam levar a sério as alterações climáticas”. Além disso:
- A Índia também se declarou abertamente contra o acordo, e não queria assinar.
- A Bolívia disse que o documento “consagra a injustiça climática” e “consolida um sistema injusto”.
- Em nome dos pequenos Estados Insulares, Samoa disse: “Consideramos que não fomos ouvidos”.
A decisão dos R$ 300 bilhões vem depois de, durante reuniões de negociação, representantes levantarem e abandonarem discussão como forma de protesto.
Entendendo briga da COP29
O Acordo de Paris estabeleceu que, a partir de 2020, países ricos deveriam ajudar países mais pobres no combate à mudança climática e, principalmente, se prepararem para as consequenciais de tais mudanças.
Os países desenvolvidos, no entanto, não cumpriam a meta. Desde a COP27, de 2022, esperava-se que o assunto viesse à tona e houvesse uma medida para estabelecer regras mais óbvias.
Quando isso não aconteceu, começou uma pressão e atitudes claras dos países em desenvolvimento para, na COP29, ser definido de modo claro uma meta financeira e um valor exato.
“Sem um acordo concreto para o Novo Objetivo Coletivo Quantificado de Financiamento Climático [NCQG, na sigla em inglês] os países em desenvolvimento ficarão sem apoio financeiro essencial após 2025, o que comprometerá o Acordo de Paris”, disse Natalie Unterstell , presidente do Instituto Talanoa, think tank do Brasil, ao g1.
Especialistas calculam ser necessários trilhões de dólares para “pagar a conta” dos impacto climáticos e e reverter alguns desses processos. Por isso, os países pediram o valor inicial de US$ 1,3 trilhões – e explica a decepção da proposta de US$ 300 bilhões.