Mulher que desde sempre – direta ou indiretamente – atua no agronegócio, seja auxiliando os pais, maridos ou servindo como apoio no lar da família no campo. Nos últimos 40 anos, no entanto, o olhar feminino vem assumindo cargos de gestão e liderança dos negócios de agricultura, pecuária e agroindústria, por exemplo.
O Dia Internacional da Mulher Rural, comemorado dia 15 de outubro, foi instituído em 1995 pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de reconhecer o papel da mulher do agro na segurança alimentar, já que elas nutrem do alimento materno ao produzido no campo.
Dia Internacional da Mulher Rural: presença feminina no agronegócio
Mundo
Presença feminina antes, dentro e fora da porteira é cada vez mais percebida. De acordo com o Fundo Internacional de Desenvolvimento da Agricultura, estima-se que 25% de todas as mulheres do mundo atua na agricultura, sendo que em economias de baixa renda, o índice chega a 62%.
Entretanto, somente 15% das terras agricultáveis no mundo estão sob a gestão de mulheres, mas estão representam também ao cuidar das suas famílias que lidam com o campo, pilotando tratores, plantando, cuidando dos rebanhos, na linha de produção agroindustrial e ainda como membros de entidades de classe.
Nos dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres formam 40% da mão de obra agrícola de países em desenvolvimento, sendo média de 20% na América Latina e 50% ou mais em regiões da África e da Ásia.
Brasil
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em estudo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), quase 11 milhões de mulheres trabalharam no agronegócio brasileiro em 2023, nos segmentos:
- 4,5 milhões de mulheres trabalham dentro da porteira (33% das pessoas que estão no setor);
- 4,3 milhões estão empregadas em agrosserviços (43% do total);
- 1,9 milhão de mulheres na agroindústria (41% do total);
- 82 mil mulheres estão na parte de insumos.
Nos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 31% das mulheres do setor atuam como gestoras das propriedades rurais no Brasil, 19% estão em cargos de direção em empresas do agronegócio brasileiro, sendo 73,1% atuando dentro da porteira, 13,9% nos elos da cadeia produtiva depois da porteira e 13% antes da porteira.
As mulheres entrevistadas declararam que, 59,2% são proprietárias ou sócias; 30,5% são funcionárias ou colaboradoras; e 10,4% são gestoras, diretoras, gerentes, coordenadoras ou atuam em funções administrativas.
A atuação feminina é mais forte na produção das lavouras permanentes, com 57% das mulheres; seguida pela produção da pecuária e criação de animais (24%), produção de lavouras temporárias (9%), horticultura e floricultura (8%) e produção florestal (1%).
Na visão da presidente do Comitê das Mulheres da Sociedade Rural Brasileira (SRB), vice-presidente da Comissão das Mulheres do Agro do Estado do Piauí pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Lucia Helena Bueno Bortolozzo, as mulheres precisam preencher espaços na gestão de entidades, para além da porteira.
“A participação feminina no agronegócio vem crescendo e as mulheres estão ocupando um papel muito relevante, cada vez mais, nesse setor. Elas já entenderam que a participação efetiva, dentro e fora da porteira, faz toda a diferença. É necessário ter representatividade em associações, instituições, enfim, à frente em cadeiras que defendam nosso setor”, afirmou Lucia em entrevista ao Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que acontece de 23 e 24 de outubro, em São Paulo (SP).