Importações de lácteos caem 25% em agosto no Brasil; exportações recuam 57%


As importações brasileiras de lácteos caíram 25,19% em agosto com relação a julho e 4,6% sobre o mesmo período do ano passado. As exportações tiveram queda expressiva de 57,14% no comparativo mensal e 29% no anual.

Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que apontam o déficit em volume da balança comercial, que recuou 23,9% de julho para agosto, para aproximadamente 183,6 milhões de litros em equivalente leite, gerando um saldo negativo de US$ 81 milhões.

Importações de lácteos

O Brasil importou 187,8 milhões de litros em equivalente leite em agosto. As compras de leite em pó foram as que mais caíram, em 30,8% em relação a julho, passando a representar 69,8% do total adquirido.

O volume desse produto importado da Argentina e do Uruguai, especificamente, ficou em cerca de 120,9 milhões de litros em equivalente leite, queda de 30% com relação a julho. Com a oferta menor no mercado, o preço médio do leite em pó importado subiu 6% no mesmo período, a US$ 3,49/kg.

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Exportações

Exportações diminuíram também por menor venda de leite em pó. Exportações diminuíram também por menor venda de leite em pó.
Exportações diminuíram também por menor venda de leite em pó. Foto: Envato

O país exportou cerca de 4,2 milhões de litros em equivalente leite em agosto. A redução se deu principalmente pelo menor volume de leite em pó enviado ao exterior, alcançando apenas 100 mil litros em equivalente leite, 98% a menos que em julho.

Essa queda, por sua vez, se deveu à interrupção das compras de Cuba. Em julho, o país havia importado 5,2 milhões de litros em equivalente leite do Brasil. O preço médio do leite em pó exportado subiu 12% de julho para agosto, a US$ 10,00/kg.

Produção de leite no Brasil

Oferta de leite teve queda no Brasil. Oferta de leite teve queda no Brasil.
Oferta de leite teve queda no Brasil. Foto: Envato

A recuperação da produção, como era previsto no início de agosto, não aconteceu principalmente por conta do excesso de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul em maio, que fizeram com que a oferta crescesse pouco entre julho e agosto.

Além disso, a entressafra no Sudeste e Centro-Oeste se intensificou com o calor a partir de agosto. E as queimadas em setembro fizeram esse cenário se agravar, o que comprometeu o bem-estar animal, a produção de forragens para alimentação, que eleva o custo de produção e limita a oferta.

Como a produção não se recuperou conforme o esperado, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos dentro da expectativa. Já o consumo tem se mantido firme; e os estoques, nos laticínios, já estão abaixo do normal, o que pode elevar as cotações em setembro.

A pesquisa do Cepea com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostrou que, em agosto, apesar de o UHT e o leite em pó terem se desvalorizado, o preço da muçarela já tinha aumentado por conta de menor estoque, que também foi impactado pela pela diminuição das importações, já mencionada anteriormente.

*Fontes: Natália Grigol/Rafael A. C. Fracalanza, pesquisadores do Cepea.

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