A incidência da doença de Alzheimer – um dos tipos mais comuns de demência que, em geral, acomete idosos com mais de 65 anos – está aumentando, atingindo inclusive pessoas mais jovens. De acordo com dados do estudo americano Global Prevalence Of Young-Onset Dementia: A Systematic Review And Meta-Analysis, mais de 3,9 milhões de pessoas em todo o mundo, com idades entre 30 e 64 anos, convivem com a doença de início precoce. Em um cenário geral, segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 50 milhões de pessoas vivem com demência no mundo e a estimativa é chegar a 150 milhões em 2025. No Brasil, mais de 1,76 milhão de brasileiros com mais de 60 anos convivem com o Alzheimer, com a previsão de chegar até 5,5 milhões em 2050 – dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Além de fatores genéticos, de acordo com alguns estudos, certos hábitos de estilo de vida também influenciam na doença, que causa problemas de memória, linguagem, pensamento e comportamento, de forma crônica e progressiva, sem cura. Para ajudar as pessoas a saberem como andam seus índices de saúde, que controlados podem evitar ou atrasar a doença de Alzheimer, o Instituto Rascovski realiza nos dias 21 e 22 de setembro, em São Paulo, a sexta edição do projeto Cérebro em Ação, que tem como intuito promover a educação, com autoconhecimento e ação para começar a se cuidar agora!
De acordo com Alessandra Rascovski, endocrinologista, diretora médica da Atma Soma e presidente do instituto Rascovski, os sinais da doença começam há pelo menos 30 anos antes do seu diagnóstico. “É importante conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com alguns pontos importantes como atividade física, alimentação, consumo de álcool, poluição e doenças como depressão, que podem influenciar no desenvolvimento da doença. Se esses cuidados forem colocados em prática é possível reverter 40% dos casos de demência no mundo e 48% no Brasil”.
Em junho deste ano, o governo brasileiro sancionou a lei 14.878/24, que instituiu a Política Nacional de Cuidados Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências. O texto engloba princípios e diretrizes para o tratamento da doença e demanda uma articulação de áreas como saúde, assistência social, direitos humanos, educação, inovação e tecnologia, com o intuito de proporcionar maior qualidade de vida, ampliar o acesso a serviços e reduzir o estigma e isolamento social das pessoas com Alzheimer.
Edição 2024: novo formato
Diferentemente do ano anterior, o principal evento do projeto Cérebro em Ação traz algumas novidades. A começar pelo formato, que, neste ano, passa a acontecer durante dois dias em locais diferentes. No sábado, dia 21 de setembro – no qual é celebrado o Dia Mundial da Conscientização sobre a Doença de Alzheimer durante o Setembro Lilás – um grupo de voluntários promoverá uma série de atividades no parque Cândido Portinari, em São Paulo, ao redor roda gigante instalada no local, que, por conta da ocasião será iluminada com a cor da campanha Setembro Lilás.
Entre 15h e 18h, serão realizadas ações de incentivo à prática de atividade física e bem-estar, como aula de ioga, conduzida pela jornalista e instrutora Angélica Banhara, de meditação, conduzida pela Lilian Gouvea, além da realização de exercícios favoráveis ao cérebro. Durante o período, serão distribuídos folders que trazem informações sobre os fatores que podem influenciar no desenvolvimento da doença, além de um teste virtual, denominado Roda do Cérebro, com acesso via QR Code. “O resultado do teste pode se enquadrar em três faixas: verde, que significa risco neutro, amarelo, que traz um sinal de alerta, e vermelho, que aponta urgência nos cuidados. Ao longo de longas pesquisas sobre o assunto, nota-se um aumento de 40 a 60% na incidência do Alzheimer por conta do estilo de vida”, explica Alessandra.
Já no domingo (22), das 9h às 12h, em um birô instalado em frente a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na avenida Paulista, a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) realizará um evento, que conta com a parceria do Cérebro em Ação. Ao longo do dia, haverá uma série de exames, como bioimpedância, aferimento de pressão, glicemia, teste olfativo – cuja jornada leva o nome de Circuito Cerebral. Também serão entregues folders de conscientização e realização do teste Roda do Cérebro.
Dentre as atividades, o encontro conta ainda com uma caminhada, estimulação cognitiva e roda de conversa sobre Alzheimer e outras demências com neurologistas e geriatras. Além disso, haverá um forte trabalho de comunicação, com o abastecimento das redes sociais do projeto com informações atualizadas sobre a prevenção da doença. Nesse sentido, ocorrerá ainda o lançamento de um e-book, produzido em parceria com os voluntários, carinhosamente chamados Dente de Leão, que traz, de forma lúdica, informações importantes sobre a doença de Alzheimer e como preveni-la.
Novos fatores
Do ano passado para cá, a Lancet Commission, ligada à Alzheimer’s Society, acrescentou mais dois fatores externos que podem contribuir para o desenvolvimento da enfermidade. Somam-se aos 12 fatores iniciais – hipertensão, obesidade, sedentarismo, depressão, diabetes, perda auditiva, trauma craniano, alcoolismo, tabagismo, poluição e isolamento social – aspectos como o colesterol e problemas de visão.
Alessandra explica que as doenças cardiovasculares também têm influência no desenvolvimento do Alzheimer. “O colesterol LDL (ou Lipoproteína de baixa densidade), conhecido como ‘colesterol ruim’, se estiver em excesso pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares. O LDL colesterol em adultos mais jovens do que 65 anos, seguidos por 1 ano e sem tratamento aumentou 8% todas as causas de demência”.
Em relação à visão, a médica explica que a relação com a doença tem a ver com a informação que chega ao cérebro. “As pessoas com perda de visão têm mais propensão para desenvolver a doença”. Vale lembrar que a prevalência de perda visual evitável e cegueira, incluindo problemas visuais comuns para os quais óculos são prescritos, em adultos acima de 50 anos, equivalem a 12,6%.
“O que vamos oferecer é uma oportunidade de conhecer e de se autoavaliar com o auxílio de voluntários e especialistas e, com isso, ajudar o público a tomar ações que possam prevenir ou postergar declínios cognitivos”, conclui Alessandra.
Projeto Cérebro em Ação – edição 2024
Data: 21 e 22 de setembro
Para saber mais sobre o Projeto Cérebro em Ação, acesse https://www.cerebroemacao.com.br/