Chamas duraram seis dias. Imagens de uma câmera de segurança mostram uma pessoa em uma moto colocando fogo em um trecho de vegetação da serra. O homem, de 61 anos, preso suspeito de provocar o incêndio que destruiu mais de 2 mil hectares do Monumento Estadual da Serra da Beleza, em Valença (RJ), foi transferido nesta quarta-feira (18) para a Cadeia Pública de Volta Redonda (RJ), no bairro Roma.
Ele vai por uma audiência de custódia, que vai decidir se ele vai ter a prisão convertida em preventiva ou se vai responder em liberdade pelo crime.
O g1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) para saber quando será a audiência e aguarda resposta.
O suspeito foi encontrado na tarde de terça-feira (17) no distrito de Conservatória, durante uma operação conjunta da Polícia Militar, 2ª Unidade de Polícia Ambiental, delegacia de Valença, Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e Instituto Estadual Ambiente (Inea).
A moto que ele utilizou para cometer o crime foi apreendida. A Polícia Civil informou que está realizando outras diligências na cidade e que o caso ainda segue sendo investigado.
Relembre o caso
O incêndio começou às 18h10 de quarta-feira (11) e só foi controlado e extinto na manhã de segunda-feira (16).
O RJ2 teve acesso às imagens de uma câmera de segurança que mostram o momento em que uma pessoa chega em uma moto em um certo trecho de vegetação da serra, coloca fogo na mata e vai embora.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo destruiu uma área equivalente a 2.300 campos de futebol de flora nativa. É a situação mais crítica em todo estado.
Danos causados pelo fogo
Além de vegetação, o incêndio também destruiu uma casa desenhada em 1930 pelo arquiteto Lúcio Costa, que projetou o Plano Piloto de Brasília. Ninguém ficou ferido.
O imóvel pertence a uma pousada. Uma equipe de reportagem da TV Rio Sul esteve no local na segunda-feira (16), mas o proprietário não quis gravar entrevista.
Casa desenhada por Lúcio Costa é destruída por fogo
Reprodução
O fogo destruiu praticamente todo a casa, que guardava características originais. De toda a construção, restou apenas um cômodo.
Ainda em Valença, além da Monumento Natural Estadual da Serra da Beleza, o Quilombo São José da Serra e o Parque Estadual da Serra da Concórdia também sofreram com o incêndio.
Incêndio florestal atinge a Serra da Beleza, em Valença
Divulgação/Thiago Moreira
De acordo com o Inea, no Parque Estadual da Serra da Concórdia, as chamas destruíram uma área equivalente a 1.088 campos de futebol, sendo a maior parte nos arredores a unidade. A reserva tem uma extensão total de 6 mil hectares.
No quilombo, o fogo não chegou às casas e a árvore Jequitibá, considerada sagrada pelos quilombolas.
Ibama fala em ordem para ‘Dia do Fogo’
Força-tarefa se reúne para discutir ações contra queimadas no RJ
Uma força-tarefa para discutir os incêndios criminosos no Rio de Janeiro se reuniu na sede do Ibama, no Centro do Rio, nesta terça-feira (17).
Para o Ibama-RJ, há fortes indícios de que houve uma ordem para o “Dia do Fogo” no estado, assim como em outros biomas, como Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Desde o dia 12 até esta terça (17), foram 1.389 pontos de incêndios florestais.
“Não pode se dizer natural. O fogo é iniciado sempre por uma causa e nessa quantidade existem indícios de que há criminosos agindo”, destaca a superintendente substituta do Ibama-RJ, Carolina Esteves.
Diversos órgãos estaduais e federais participaram da reunião, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, ABIN, ICMBio, INEA, CEPAM, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros.
A proposta foi organizar uma comissão para conduzir estratégias para enfrentamento do fogo com prevenção e combate em campo, mas também para investigar, identificar e punir os responsáveis pelos incêndios criminosos, sejam executores ou mandantes.
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