América do Sul sobre duas rodas: quais os perrengues e belezas de uma viagem na região


Quem nunca pensou em sair por aí viajando pela América do Sul, conhecendo pessoas e desbravando lugares? Esse é a realidade do equatoriano de Guaiaquil Danny, 32, e do peruano de Cuzco Kike, 31.

Encontrei com eles no Capital Moto Week, evento de rock e motocicletas, que ocorreu em Brasília (DF), entre os dias 18 e 27 de julho.

Os motociclistas desceram por países da Cordilheira dos Andes e estão dando a volta pelo Brasil até retornar para seus países de origem.

Ambos estão rodando pela região de forma individual, mas se encontraram três vezes em seus roteiros: na Argentina, em Florianópolis (SC) e agora na capital federal para conseguir um visto e entrar na Venezuela.

A próxima parada deles será Belém (PA), onde Kike pegará um barco até Manaus (AM) e Danny pretende ir à Guiana Francesa.

Kike e Danny – Crédito: Mauro Balhessa/IstoÉ

Kike

Com sua Honda XRE, Kike, devido ao seu sonho, montou o projeto “Ojos de Sudamérica” como registro e uma lembrança.

“Eu gosto de fotografia e gosto de olhar como são os costumes diferentes de cada povo. Cada lugar que chego tiro foto de coisas cotidianas.”

Ele começou a desenhar sua viagem com 15 anos e está fazendo os registros há um ano. Kike pretende voltar para sua casa apenas em junho de 2025.

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Danny

Danny, por sua vez, prefere os vídeos no YouTube. O canal dele chama “Vespa Cool Trip”, como o próprio nome indica, devido a sua moto.

O equatoriano está na estrada há 5 anos. Ele é missionário cristão, serve em igrejas e também está sempre com motoclubes, especialmente de Vespa.

Perrengues

Kike, de cara, dispara que o pior é estar longe da família e, claro, se a moto quebra. Mas, de forma geral, define o povo sul-americano muito afetuoso e gentil.

“Eu viajo sozinho, mas sempre alguém ajuda. Já chegaram a me dar fruta e água sem eu pedir.”

Outro detalhe é que o peruano trabalha de designer gráfico e às vezes precisa de internet.

“Às vezes eu pego um hostel porque preciso internet estável e comodidade para trabalhar tranquilo. Mas quando tenho que armar uma barraca na estrada faço tranquilo.”

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Eles dizem que ficam acomodados “onde dá” ou “em todos os lados”.

“Há um motoclube, um hostel, uma igreja, um camping. Você sempre fica pensando em economizar para não gastar muito. E também o bom é que você conhece mais gente. Se você fica em hotel, só fica sozinho”, diz Danny.

O equatoriano ressalta que as pessoas olham para os viajantes de forma vulnerável e, desta forma, o ajudam.

Ele trabalha com publicidade pela internet, faz artesanatos para vender, como pulseiras, e não dispensa um “bico”.

“Tenho que manter a paixão, ela, a moto.”

Olhos da América do Sul

Para Kike, o melhor da América do Sul são as pessoas. E afirma que elas chegam a convidá-lo para almoçar em suas casas.

“Temos muita natureza, restos arqueológicos, tudo isso, mas pra mim o que é mais rico são as pessoas. Às vezes aprendo mais com um vendedor do que com um guia turístico.”

Danny fala que a América do Sul é “fogo”.

“As pessoas são muito carinhosas, mesmo com diferentes culturas. Mas, de forma geral, nós somos muito parecidos.”

A principal meta deles, assim como a de muitos motociclistas, era o Ushuaia, na Terra do Fogo, ao Sul da Argentina, ou o chamado “fim do mundo”.

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O jornalista foi ao Capital Moto Week a convite da organização do evento*



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