Manejo pasto sobre pasto busca produzir forragem para o gado 365 dias do ano


Mesclar plantas forrageiras na mesma área, iniciando um novo ciclo de crescimento do pasto sobre outro ciclo, sem remover as diferentes forrageiras em produção. Esse é o método Pasto sobre Pasto, manejo que busca produzir pastagem nos 365 dias do ano.

O conceito Pasto 365 para alimentação animal vem sendo trabalhado por pesquisadores da Embrapa no sul do Brasil. O objetivo é alimentar o gado com pastos verdes sendo utilizados durante todo ano, com quantidade e qualidade econômica suficiente para promover o aumento da eficiência dos rebanhos e dos diferentes sistemas de produção agropecuários.

Manejo de pasto nos 365 dias do ano

O método possibilita maior estabilidade na oferta de forragem ao longo do ano, principalmente nos críticos períodos de transição entre as estações frias e quentes do ano, quando ocorrem os conhecidos vazios forrageiros, quando a produção reduz. Segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul (RS) Danilo Sant’Anna, as condições ambientais de cada lugar podem proporcionar produção de forragem em excesso em alguns momentos, e escassez em outros.

Buscando reduzir ou eliminar esses períodos de vazio forrageiro, que são agravados pelos efeitos dos fenômenos El Niño e La Niña, os pesquisadores direcionam o planejamento forrageiro para obter o maior número de dias com pastejo, em cada metro quadrado da propriedade e na maior área útil possível que não esteja sendo usada com uma lavoura.

O Pasto sobre Pasto, como o próprio nome diz, aumento a diversidade forrageira e na sobreposição de plantas forrageiras com características que se complementam. A ideia é ter, ao mesmo tempo, mais de uma forrageira na mesma área, sobrepondo, no caso do sul do Brasil, forrageiras da estação fria com forrageiras da estação quente e vice-versa.

Técnica ajuda a estabilizar os ganhos de peso individuais dos animais no ano.
Técnica ajuda a estabilizar os ganhos de peso individuais dos animais no ano. Foto: Embrapa Pecuária Sul

Tipos de forrageiras

Nos trabalhos conduzidos na Embrapa Pecuária Sul, um dos consórcios mais usados foi com três cultivares lançadas pela Embrapa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Associação Sul-brasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras (Sulpasto): azevém BRS Ponteio, trevo-branco BRS URS Entrevero e capim-sudão BRS Estribo.

Foi observada a complementariedade entre cada cultivar e mesclada o plantio delas nos ciclos de inverno e verão da região, em sucessão e sem o uso de dessecação. Cabe ao produtor, assessorado por um técnico, decidir quais as melhores opções para suprir as necessidades de forragem do rebanho no seu sistema de produção.

“Principalmente nas áreas de integração lavoura-pecuária em terras baixas, nos experimentos realizados na Embrapa, usamos essas três plantas (azevém, trevo-branco e capim-sudão), mas o produtor deve buscar entender quais mesclas são possíveis para a sua propriedade”, reforça Danilo Sant’Anna. Dentro dessa lógica, esse é um conceito que pode ser adaptado e aplicado em propriedades de todo o Brasil.

Método reduz ou elimina os vazios forrageiros.
Método reduz ou elimina os vazios forrageiros. Foto: Embrapa Pecuária Sul

Conversão alimentar

Os pesquisadores da Embrapa compararam uma área onde foram aplicados os pilares do Pasto sobre Pasto com a mescla de forrageira com uma área-testemunha, onde foram realizadas práticas convencionais de dessecação da área, antes da implantação da forrageira da estação e uso de pastagens monoespecíficas.

No caso da pastagem de inverno (azevém) implantada de forma convencional, o ganho individual médio dos animais até setembro era de 970 g por dia, em outubro o ganho individual médio foi para 470 g por dia, o que baixou a média geral para 870 g/animal/dia.

Na pastagem com a mescla forrageira de inverno (azevém + trevo-branco + capim-sudão em fim de ciclo), os ganhos foram mais estáveis até o fim da condução da fase inverno do trabalho, o que garantiu uma maior média de ganho de peso, chegando a mais de 1 kg/animal/dia.

Na fase de verão, no sistema convencional, o ganho individual médio foi de 970 g por dia, no Pasto sobre Pasto esse número ultrapassou os 1,2 kg por animal/dia, mostrando a influência que as pastagens mistas pode ter no produto que nos remunera o sistema, ou seja, no ganho de peso individual e por área dos animais.

Veja os pilares do sistema Pasto sobre Pasto, que servem como guia geral para o produtor rural de todo o Brasil.



Portal Agro2