Brasília, 20 de setembro de 2023 – A Polícia Federal, em conjunto com a Receita Federal, está conduzindo quatro operações simultâneas em todo o país para desmantelar uma vasta rede de contrabando de ouro da Terra Indígena Yanomami. As investigações revelam que o ouro extraído ilegalmente de garimpos na Terra Yanomami e na Venezuela estava sendo comercializado no exterior, em uma operação que movimentou quase R$ 6 bilhões.
Em uma série de ações coordenadas, a Polícia Federal está cumprindo pelo menos 4 mandados de prisão e 48 de busca e apreensão em 8 estados brasileiros e no Distrito Federal. Essas operações visam expor o contrabando de ouro e o comércio ilegal que prejudica não apenas o meio ambiente, mas também as comunidades indígenas afetadas.
Duas das operações estão concentradas em Roraima, uma delas nomeada como Operação Eldorado. Nesta ação, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 40 mandados de busca e apreensão nos estados de Roraima, Amazonas, Goiás e Distrito Federal. A investigação aponta Ariel Silva Magalhães, empresário suspeito de intermediar a saída do ouro ilegal da Terra Yanomami, como um dos principais alvos. Ele utilizava a empresa MF Soluções empresariais para esse fim, de acordo com a PF.
O segundo alvo, Brubeyk do Nascimento, foi preso em um condomínio de casas de luxo em Manaus. A PF alega que ele criou um esquema de remessas ilegais para negociar o ouro extraído de garimpos ilegais na Terra Yanomami no exterior.
Outra operação, chamada de Operação Emboabas, aconteceu no Amazonas e envolveu prisões preventivas e buscas em diversos estados, incluindo Manaus, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Pará. Essa operação identificou indícios de contrabando de ouro para a Europa, após a prisão de um indivíduo que transportava 35 kg de ouro e planejava entregá-lo a dois norte-americanos, sócios de uma empresa em Nova Iorque.
A Receita Federal estima que os bens apreendidos cheguem ao valor de R$ 1 bilhão. Além disso, os investigados podem responder por uma série de crimes, incluindo usurpação de bens da União, organização criminosa, lavagem de dinheiro, extração ilegal de ouro, contrabando, falsidade ideológica, receptação qualificada, entre outros.
As investigações apontam para um esquema complexo que envolve o contrabando de ouro venezuelano para o Brasil como pagamento pela exportação de alimentos de Roraima e do Amazonas. Transportadoras contratadas escondiam o ouro contrabandeado em caminhões, que entravam em Roraima sem os procedimentos legais e pagamento de tributos. Posteriormente, o minério era comprado por outros membros do esquema e enviado para empresas de exploração de minério aurífero, que realizavam o pagamento aos supermercados e distribuidoras de alimentos.
Além dos mandados de prisão e busca, a Justiça também determinou o bloqueio de ativos financeiros, veículos e aeronaves dos envolvidos. O caso está em andamento, e as autoridades prometem uma investigação minuciosa para esclarecer todos os detalhes dessa operação de contrabando de ouro sem precedentes na Terra Yanomami.
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