David Chipperfield vence o Prêmio Pritzker 2023, considerado o Nobel da arquitetura


Arquiteto, urbanista e ativista de 69 anos foi reconhecido por seu trabalho ‘discreto, mas transformador’ e pelo ‘design moderno e atemporal, que enfrenta emergências climáticas, transforma relações sociais e revitaliza cidades’. Eleito é conhecido por renovar e reconstruir edifícios antigos, adaptando-os às necessidades modernas sem deixar de respeitar sua história e cultura. Foto de 1º de julho de 2019 mostra o arquiteto britânico David Chipperfield na Galeria James Simon, em Berlim, Alemanha; em 7 de março de 2023, Chipperfield foi anunciado ganhador do Prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura
Tobias Schwarz/AFP
O britânico David Chipperfield foi reconhecido por seu trabalho “discreto, mas transformador” e ganhou nesta terça-feira (7) o Prêmio Pritzker 2023, considerado o Nobel da arquitetura.
O arquiteto, urbanista e ativista foi reconhecido aos 69 anos por seu “design moderno e atemporal, que enfrenta emergências climáticas, transforma relações sociais e revitaliza cidades”, anunciou a Fundação Hyatt, responsável pela premiação desde 1979.
Para o júri, o trabalho de Chipperfield mostra seu “compromisso” com uma “arquitetura de presença cívica discreta, mas transformadora”, com relevância para a sustentabilidade e “estruturas capazes de perdurar, física e culturalmente”.
Em nota divulgada após o anúncio, Chipperfield disse levar o prêmio como um incentivo para seguir dirigindo sua atenção “não só para a essência da arquitetura e seu significado, mas também para a contribuição que podemos dar enquanto arquitetos para enfrentar os desafios existenciais das alterações climáticas e da desigualdade social”.
O arquiteto, que mora em Londres, é conhecido por renovar e reconstruir edifícios antigos, adaptando-os às necessidades modernas sem deixar de respeitar sua história e cultura.
Guardião do patrimônio
“Como arquiteto, sou de certa forma o guardião do significado, da memória e do patrimônio”, diz Chipperfield. “As cidades são registros históricos.”
“As cidades são dinâmicas, não param por aí, elas evoluem. E nessa evolução removemos edifícios e os substituímos por outros. Nós nos escolhemos, e o conceito de proteger apenas o melhor não é suficiente. Trata-se também de proteger caráter e qualidades que refletem a riqueza da evolução de uma cidade”, explica o arquiteto, que tem escritórios em Berlim, Milão, Xangai e Santiago de Compostela.
“Sabemos que, como arquitetos, temos um papel importante e comprometido com a criação não apenas de um mundo mais bonito, mas também justo e sustentável”, complementa Chipperfield.
Ele considera necessário “enfrentar este desafio e ajudar a inspirar a próxima geração para que assumam esta responsabilidade com visão e coragem”.
Para o vencedor do Pritzker em 2016, o arquiteto chileno Alejandro Aravena, os edifícios de Chipperfield “sempre resistirão ao teste do tempo porque o objetivo final de sua atividade é servir ao bem comum”.
“Desviar do que está na moda lhe permitiu permanecer”, acredita Aravena.
Tom Pritzker, presidente da Fundação Hyatt, elogiou o compromisso de Chipperfield.
“Ele tem uma confiança sem arrogância”, disse o presidente em comunicado. Para ele, o arquiteto evita “constantemente as modas para confrontar e manter as conexões entre tradição e inovação, a serviço da história e da humanidade”.
Alguns de seus trabalhos mais conhecidos são o Museu Jumex na Cidade do México, a reforma do Neues Museum em Berlim e o novo prédio que abriga o Museu de Arte de San Luis, Missouri, nos EUA.
Também se destacam o Museu de Literatura Moderna em Marbach, Alemanha, e a Biblioteca Pública de Des Moines, em Iowa.
O prêmio será entregue em uma cerimônia em Atenas, capital da Grécia, em maio.
Chipperfield torna-se o 52º vencedor deste prêmio, que já foi recebido pelos brasileiros Paulo Mendes da Rocha e Oscar Niemeyer, e pelos espanhóis Rafael Moneo, Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta.

Fonte: Pop & Arte