Ex-PM suspeito de participação na morte do contraventor Fernando Iggnácio é preso no Paraná

O ex-PM Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro foi preso na última segunda-feira no Paraná pela morte do contraventor Fernando Iggnácio Miranda, em novembro de 2020. O crime aconteceu no Recreio dos Bandeirante, na Zona Oeste do Rio, quando o bicheiro desembarcava num heliporto.

Fernando Iggnácio, genro de Castor de Andrade, foi vítima de uma emboscada após chegar de Angra dos Reis, na Costa Verde, de helicóptero, em 10 de novembro de 2020. Ele foi morto a tiros de fuzil AK-47, e morreu no local. A arma foi apreendida oito dias depois, junto a outros três fuzis de mesmo calibre.

Otto Samuel, de 29 anos, é ex-soldado da Polícia Militar de São Paulo. Ele foi expulso da corporação em 2021 quando foi acusado da morte do contraventor. Otto Samue foi preso por policiais militares do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) quando realizavam patrulhamento na cidade de Santa Terezinha de Itaipu, no Paraná. Ele estava no carro acompanhado por um homem e se apresentou como policial militar do Estado de São Paulo. Os agentes identificado que contra ele constava um mandado de prisão em aberto pelo crime de homicídio e que ele estava foragido da justiça. Otto Samuel foi levado para a cadeia pública de Foz do Iguaçu, no estado.

Pedro Emanuel D’Onofre, irmão de Otto, também é acusado pelo crime e está foragido.

Já estavam presos também por envolvimento no homicídio o cabo da PM Rodrigo Silva das Neves e Márcio Araújo de Souza, que durante as investigações foi descoberto que monitorava o bicheiro, que tinha os passos seguidos há pelo menos oito meses antes do crime. Segundo o MPRJ, Araújo é o chefe da segurança do rival de Iggnácio, Rogério Andrade,

Cena do crime: Fernando Iggnácio foi morto no último dia 10, quando caminhava para deixar heliporto no Recreio
Cena do crime: Fernando Iggnácio foi morto no último dia 10, quando caminhava para deixar heliporto no Recreio Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Disputa familiar

Castor Gonçalves de Andrade e Silva tornou-se o chefão da contravenção no Rio nos anos 70 e chegou a expandir seus domínios para o Nordeste. Ele morreu de infarto em abril de 1997, dando início a uma guerra na família pela sucessão. Ainda em vida, Castor escolhera Rogério, seu sobrinho, para comandar a contravenção na Zona Oeste e em outras áreas do estado. O filho de Castor, Paulinho, não concordou e iniciou uma batalha com o primo. Em 1998, Paulinho e um segurança foram assassinados na Barra. O genro de Castor, Fernando Iggnácio Miranda, assumiu o lugar na disputa com Rogério.

De acordo com investigações da polícia, a partir da metade dos anos 1990, Fernando Iggnácio passou a controlar a Adult Fifty, empresa que explorava caça-níqueis em toda a Zona Oeste. Em 1998, Rogério teria fundado a Oeste Rio. O próprio Rogério foi vítima de uma tentativa de assassinato em 2001. Em abril de 2010, outro ataque: o filho de Rogério, de 17 anos, morreu num atentado na Barra. Em vez do pai, era o rapaz que dirigia um carro no qual foi colocada uma bomba. Segundo uma investigação da Polícia Federal, os contraventores César Andrade de Lima Souto e Fernando Andrade de Lima Souto estariam envolvidos no crime.

Fonte: Fonte: Jornal Extra