A criança de 9 anos que estava no apartamento junto com o irmão Hallan Luís Silva, de 7, no momento em que ele caiu do segundo andar do edifício — equivalente ao quarto, já que dois deles correspondem a uma garagem —, ficou “em estado de choque”. Segundo Marilene Inocencio, síndica do condomínio e madrinha da vítima, contou em depoimento na 20ª DP (Vila Isabel), por volta das 11h40 deste domingo, o irmão mais velho do menino bateu em seu apartamento afirmando que Hallan caíra da janela. Marilene mora há 35 anos no edifício e é vizinha da família.
Hallan morava com a mãe, Jéssica da Silva Ramos, a avó, Marise Alves da Silva, o tio, Luis Felipe Silva Ramos, além de dois irmãos, de 9 e 4 anos. No apartamento da família, é possível observar que o quarto onde as crianças dormem tem uma grade que vai até a metade da janela. Já os outros cômodos, não possuem tela ou qualquer tipo de proteção.
Em depoimento, Marilene contou que o menino de 9 anos — que a chama de avó — chegou em seu apartamento dizendo: “Vovó, vovó! O Hallan caiu da janela tentando passar para a janela do quarto da vó Marise”.
As duas crianças estavam sozinhas no momento do acidente. Segundo um policial militar que estava próximo ao local e ajudou na ocorrência, testemunhas relataram que a mãe das crianças tinha hábito de deixá-los sós no apartamento para ter momentos de lazer. Ele também afirmou à Polícia Civil que o apartamento da família estava “em estado lastimável, com bagunça e deteriorado”.
A síndica do condomínio, no entanto, apesar de confirmar que nenhum responsável estava com as crianças, disse que Jessica é uma boa mãe e cuida bem dos filhos.
Menino dócil
Para o vizinho, o advogado Aristóteles Almeida, a morte de Hallan é lastimável. Ele, que mora ao lado da família, estava em casa no momento do acidente e ouviu o menino gritar enquanto caía.
— Ouvi os gritos dele descendo. Quando cheguei aqui, ele já tinha batido a cabeça. Foi uma tragédia, é lastimável o que aconteceu. Era uma criança dócil, muito boa. Desci na hora, ele ainda estava vivo. Tentei ajudar a reanimá-lo, mas não deu — lamenta.
Segundo Aristóteles, a família mora há mais de 10 anos no condomínio, com boa convivência com todos. Ele diz saber também que a avó das crianças tem dois empregos e que, por conta disso, quase não fica em casa.
‘Vou carregar essa culpa para o resto da vida’
Num desabafo feito numa rede social, Jessica Ramos, mãe do menino Hallan Luís Silva, de 7 anos, afirmou que carregará a culpa pela morte do filho para o resto de sua vida. Nas postagens, ela disse que não deixou dois de seus filhos — Hallan estava com o irmão mais velho, de 9 anos — sozinhos.
“Eu não vou mais tocar nesse assunto, só quero que parem de falar o que não sabem. Eu não deixei meus filhos sozinhos, o meu único erro foi ter confiado em quem não deveria. Respeitem minha dor, só eu sei o quanto eu amava e fazia de tudo pelos meus filhos! E, sim, vou carregar essa culpa para o resto da minha vida”, escreveu Jessica.
“Nada e nem o tempo irá amenizar a dor que estou sentindo, esse buraco vai ficar para sempre na minha vida!”, continuou a mulher.
A família de Hallan esteve na manhã desta segunda-feira no Instituto Médico-Legal (IML) para liberar o corpo do menino e não falou com a imprensa.
Fonte: Fonte: Jornal Extra