A principal linha de investigação para apurar o sequestro do pedreiro Renato dos Santos Pereira, de 41 anos, desaparecido desde a noite do último sábado, quando foi sequestrado por homens armados que o retiraram de uma comemoração de aniversário de um amigo, em um salão de festas de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, é a de que o crime tenha sido praticado por integrantes de uma milícia da região. Formado por cerca de 25 homens armados de fuzis, o grupo invadiu a festa, espancou alguns homens e mulheres e roubou celulares e carteiras com dinheiro de parte dos convidados.
Segundo o delegado Carlos César, da 36aDP ( Santa Cruz) , que responde interinamente pela 43aDP ( Guaratiba), unidade encarregada da investigação do caso, uma das hipóteses para explicar a invasão seguida de agressão, roubo e sequestro, é a de que os paramilitares tenham tomado conhecimento de que a festa reuniria parte de convidados vindos do Morro do Campinho, na Zona Norte do Rio.
A comunidade é alvo de uma disputa de território envolvendo traficantes e milicianos que, há seis meses, brigam pela exploração de negócios irregulares na localidade. De acordo com a polícia, além de serem inimigos de traficantes de uma facção criminosa, os milicianos de Guaratiba também são rivais do grupo paramilitar que disputa território no Morro do Campinho. Por isso, o grupo teria ido ao local para tentar localizar algum criminoso rival.
—Diante desses fatos, estamos trabalhando com a hipótese de que de alguma forma, os milicianos de Guaratiba tomaram conhecimento de que um grupo de pessoas oriunda da região de Campinho estava em um sítio, nas proximidades da área de atuação deles. Os autores, por serem rivais, temendo uma invasão para “tomada de território”, foram ao local e praticaram a ação — explicou o delegado.
Segundo a família, Renato nunca teve problemas com a polícia. Ele foi levado por cerca de 25 homens armados de fuzis que invadiram o local e se identificaram como policiais. Encapuzados e vestindo camisas da Polícia Civil, o bando invadiu a casa de festa, por volta das 19h30 do último sábado. Dizendo ser policiais de Curicica, em Jacarepaguá, área onde também há comunidades dominadas por milicianos e traficantes, os bandidos mandaram que moradores do Morro do Campinho levantassem os braços, caso contrário, todos os presentes seriam executados.
Um grupo de aproximadamente 30 pessoas levantou as mãos e foi imediatamente obrigado a deitar no chão. Todos foram espancados com chutes e socos e tiveram roubados carteiras e celulares.
—Eles eram muito agressivos. Do nada espancaram tanto mulheres como homens. Depois, levaram nossas carteiras com dinheiro e celulares —disse uma pessoa que estava na festa.
Antes de sair, o grupo invasor disse que todos poderiam se levantar assim que fossem embora. Logo após ouvir o barulho de um portão batendo, Renato tentou ir à rua para comprar um remédio, já que após ser atingido por socos ficou com dores em um dos braços. Na entrada do salão, ele foi surpreendido por dois homens do grupo invasor que ainda estavam no local. O pedreiro foi colocado em um carro branco e levado. Desde então não foi mais visto.
Segundo parentes revelaram, Renato nunca teve envolvimento com atos criminosos. Ele é morador do Morro do Campinho há mais de 20 anos, a vítima evit. De acordo com familiares, a vítima evitava sair à noite de casa. Ele temia a violência e tinha medo de ser atingido por balas perdidas por conta da guerra entre traficantes e milicianos.
— Ele não tinha envolvimento com nada de ruim. Nunca teve problemas com a polícia. Trabalha como pedreiro e também faz trabalho voluntário de reflorestamento da comunidade. Inclusive, teve de paralisar esse trabalho por conta da guerra. Ele evitava sair à noite e tinha medo de bala perdida. Ainda temos esperança de encontrá-lo vivo. Mas a cada dia que passa a situação fica mais difícil. Estamos desesperados sem entender o que aconteceu. Já percorremos hospitais e postos do Instituto Médico-Legal e não tivemos nenhuma notícia — disse um parente do pedreiro.
A 43ª DP( Guaratiba) investiga o caso . Agentes percorreram a região mas não conseguiram encontrar imagens de câmeras que tivessem flagrado a ação criminosa. Quem tiver alguma informação que possa ajudar a polícia a localizar o pedreiro desaparecido pode ligar para o Disque-Denúncia ( 2253-1177). Não é necessário se identificar.
Fonte: Fonte: Jornal Extra