Reveladas novas denúncias contra Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó dos bitcoins”. Agora, ele é acusado de ser o líder de um grupo criminoso que perseguia e assassinava quem ameaçava seu império bilionário.
Para eliminar a concorrência, a quadrilha se aproximou de investigadores da Delegacia de Defraudações. Os criminosos inclusive estiveram várias vezes na Cidade da Polícia para negociar com os policiais. E, segundo o Ministério Público, conseguiram corromper cinco agentes e uma delegada.
A quadrilha comprou uma operação policial contra a Oregon Enterprise, que também atuava no mercado de criptomoedas.
Um deles escreve em uma mensagem: “Vamos fazer uma operação pra assustar todos em Cabo Frio, a delegada já comunicou a CVM”.
Em áudio, o próprio Glaidson revela ter conhecimento da operação policial: “O Daniel amanhã vai ter 10 horas aquela operação”.
Mas a operação demora a sair. Glaidson parece irritado e cobra de um dos comparsas: “Cobra ele se vai ser hoje mesmo ou quarta-feira?”.
Na véspera da operação, Daniel manda uma foto dele na Cidade da Polícia, onde estava acertando os detalhes da operação. E encaminha a Glaidson um áudio do chefe da Delegacia de Defraudações, o policial Roberto Nogueira: “Amanhã, Daniel, sem falta”.
Depois, anuncia que finalmente a operação vai sair no dia seguinte, e revela que aumentou o valor da propina: “Já acordei tudo com eles. é interesse deles agora, até porque eu fui e joguei, aumentei a oferta para aliciar eles, para melhorar da forma que foi, para botar todo mundo lá em cima para correr de lá. assustar, apavorar todo mundo mesmo”.
Fotos mostram que Daniel acompanhou o trabalho dos policiais. Ele afirma que a propina é para os policiais que participaram da operação e para a delegada Daniela dos Santos Rebelo Pinto.
Daniel chega a repassar para Glaidson uma mensagem da delegada em que ela diz que depois de aberto o inquérito, os concorrentes de Glaidson serão investigados: “Papel não volta nunca mais”; “inquérito digitalizado e peças dentro dele”.
Segundo os investigadores, o diálogo comprova que as negociações tinham aval da delegada.
“Foram duas viaturas. Uma paisana. Um Honda Civic, com cinco cabeças. Foram dois policiais. Ainda tem que dar a doutora lá que liberou, que expediu essa intimação, esse mandado aí”.
Depois disso, Glaidson então enviou mensagens a um dos sócios determinando que separasse R$ 150 mil e entregasse para Daniel.
“Fica muito claro pelas mensagens que esse dinheiro não era destinado só aos dois policiais que foram buscar a entrega do dinheiro. mas isso fica claro que seria dividido entre todos aqueles que participaram dessa operação encomendada, inclusive a delegada de polícia que era a chefe da delegacia de defraudações”, afirma Fabiano Cossermelli, subcoordenador do Gaeco – MP-RJ.
“A doutora Daniela é policial, honesta, correta, não recebeu propina nenhuma. A gente sempre quando vê este processo, quando são baseados estritamente em diálogos de terceiros, a gente entende que deve ser feita uma diligência mais pontual para saber se a doutora Daniela de fato recebeu esses valores. Ela não foi ouvida. A gente espera que com muita responsabilidade os fatos vão ser devidamente investigados e esclarecidos. ela será certamente absolvida dessa acusação leviana e frágil’, diz Ricardo Braga, advogado da delegada Daniela.
A defesa de Glaidson Acácio dos Santos afirmou que “recebeu com surpresa a decretação da nova prisão preventiva contra ele. e que não teve acesso aos autos. disse, ainda, que respeita as decisões judiciais, mas que irá recorrer assim que tiver acesso ao processo”.