A juíza Mariana Tavares Shu decidiu, nesta quinta-feira, manter a prisão do contraventor Aílton Guimarães Jorge, mais conhecido como Capitão Guimarães. Preso em flagrante pela Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira , durante a Operação Sicários, por posse de munição e acessório restrito, o bicheiro foi submetido a uma audiência de custódia, em Benfica na Zona Norte do Rio.
Um dos alvos da Operação Sicários, que foi deflagrada pela PF para cumprir três mandados de prisão e outros 17 de busca e apreensão, Capitão Guimarães teve a prisão domiciliar decretada pelo juízo da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo por suspeita de ser mandante de um assassinato. Numa das casas do bicheiro, em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, os agentes da Polícia Federal encontraram um kit, com munição e carregadores, capaz de fazer uma pistola disparar como se fosse uma arma longa. Por conta disso, ele foi autuado em flagrante por crime posse de munição e acessório de uso restrito.
A prisão do contraventor fez parte da investigação de um homicídio, ocorrido em julho de 2020, num posto de gasolina, em São Gonçalo, que indicou ser um crime com características de execução sumária. Por conta do mesmo homicídio, também foi preso, nesta quarta-feira, o ex-policial civil Deveraldo Lima Barreira, que integra a quadrilha do contraventor e é suspeito de ser o executor do assassinato. Um terceiro suspeito, alvo de mais um mandado de prisão, não foi localizado e está foragido. Foram aprendidos na operação, entre outras coisas, três carros de luxo blindados, avaliados em torno de R$ 1,5 milhão, celulares e R$ 360 mil em espécie.
O caso ocorreu em 1º de julho de 2020. Dois homens numa moto abordaram Fábio de Aguiar Sardinha em um posto de gasolina no bairro Colubandê, em São Gonçalo, quando ele parou para abastecer o carro. A dupla, segundo testemunhas, teria atirado na vítima, que não resistiu e morreu no local. Durante as investigações, a Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) descartou a versão de tentativa de assalto e trabalhou com a hipótese de execução.
A vítima possuía anotação criminal por estelionato, o que também levou a polícia a investigar a possibilidade de ligação a outros casos. A suspeita é que Fábio tenha desviado dinheiro da quadrilha do Capitão Guimarães, segundo o site g1. No momento do crime, ele estava acompanhado pelo pai, que estava no carro, sentado no banco do carona, no momento dos disparos. Ele não foi atingido.
Os investigados são suspeitos de atuarem na organização criminosa, que monopoliza a exploração de atividades ilegais, como jogo do bicho, máquinas caça-níqueis e outras apostas.
O bicheiro é ex-militar do Exército e, na trajetória como capitão, atuou Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) durante a Ditadura Militar. Na contravenção, Capitão Guimarães começou a trabalhar como gerente com o bicheiro Ângelo Maria Longa, o Tio Patinhas. Em poucos anos, passou a fazer parte do conselho. A cidade de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, é uma das áreas em que controla.
Figura presente no carnaval carioca, o bicheiro foi presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) em dois períodos: de 1987 a 1993 e de 2001 a 2007. No último ano de mandato, foi preso na Operação Furacão da Polícia Federal. Na ocasião, outros bicheiros e dirigentes da entidade também foram presos, entre eles, os contraventores Anísio Abraão David, o Anísio, e Antônio Petrus Kalil, o Turcão. Desde agosto de 2021, a quadra da Vila Isabel passou a ter o nome de Capitão Guimarães, que foi presidente entre 1983 e 1987.
Fonte: Fonte: Jornal Extra