Helio Eichbauer: cenógrafo que marcou teatro, música e cinema no Brasil morre aos 76 anos no Rio | Pop & Arte

Helio Eichbauer, cenógrafo que marcou o teatro, a música e o cinema no Brasil, morreu aos 76 anos, nesta sexta-feira (20). Ele sofreu um infarto em sua casa, no Rio.

O velório vai acontecer no domingo (22), na Capela 8 do Memorial do Carmo, no Rio, de 10h às 16h.

Um dos trabalhos mais marcantes foi na peça “O rei da vela”, em 1967, do Teatro Oficina, dirigido por José Celso Martinez Corrêa, com texto de Oswald de Andrade.

“O rei da vela” renovou o teatro brasileiro e influenciou também a geração da arte e da música Tropicalista que se formava na época.

Helio Eichbauer reconstruiu os cenários da peça modernista quando ela foi remontada 50 anos depois, em 2017.

Ele trabalhou com diversos músicos brasileiros, em especial Caetano Veloso e Chico Buarque – os cenários das turnês atuais de ambos os cantores, por exemplo, são de Helio Eichbauer.

Hélio Eichbauer em sua exposição no Centro Cultural dos Correios, no centro do Rio de Janeiro, em 2006, para comemorar seus 40 anos de carreira. Ele posa com um fundo que foi do show “O Estrangeiro”, de Caetano Veloso, nos anos 80, baseado no cenário que ele havia feito para a peça “O Rei da Vela”, nos anos 60. — Foto: Alaor Filho / Estadão Conteúdo

Caetano Veloso falou sobre Helio Eichbauer em vídeo enviado à GloboNews (veja acima): “O Helio, para nós, é uma coisa incrível. Tem sido para mim desde 1967, quando eu vi ‘O rei da vela'”.

“Ele tinha estudado com Svoboda [cenógrafo tcheco], voltou, trabalhou com o Zé Celso [Martinez Corrêa] e fez aquela imagem inesquecível, que é a mais forte do tropicalismo”, define Caetano.

“Depois nos anos 80 fizemos muitas colaborações”, ele lembra. “O Helio é um dos maiores artistas que eu conheço e uma das pessoas que eu mais amo na minha vida.”

Capa do álbum ‘Estrangeiro’ (1989), de Caetano Veloso — Foto: Arte de Helio Eichabuer

Nascido no Rio em 1941, Helio estudou e trabalhou pelo mundo antes de voltar para deixar sua marca na arte brasileira. No início dos anos 60, morou em Praga, na atual República Tcheca, onde foi orientado por Josef Svodoba, referência da cenografia mundial.

Depois, ele estagiou na Berliner Ensemble e na Ópera de Berlim, e fez outros trabalhos na França e na Itália e em Cuba.

Além do Teatro Oficina, ele fez cenários de teatro do Grupo Opinião e outras montagens marcantes como “Os Veranistas”, do diretor Sergio Britto, em 1978 e “Calabar” (1980), de Chico Buarque e Ruy Guerra.

Ele também teve trabalho importante no cinema, em filmes como “Dragão da Maldade contra o Santo Gerreiro”, de Glauber Rocha.

Entre os outros filmes em que ele trabalhou estão “Tudo Bem”, de Arnaldo Jabor, “O Homem do Pau-Brasil”, de Joaquim Pedro de Andrade, “Gabriela”, de Bruno Barreto e “Kuarup”, de Ruy Guerra.

Na música, além de Chico e Caetano, ele colaborou com artistas como Gal Costa e Marisa Monte.

Helio era professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Caetano Veloso no show de ‘Ofertório’ em Manaus, com cenário de Helio Eichbauer — Foto: Jamile Alves/G1

Fonte: Portal G1