“Na segunda-feira (8), tinha um solzinho e decidi pegar a bicicleta e ir á praia sem avisar ninguém. Foi o meu erro. Desci com a bicicleta na trilha e fiquei sentado. Foi eu fechar os olhos, e uma onda me levou. Afundei e, quando subi, veio uma nova onda e mergulhei para sair da arrebentação. A partir daí, a correnteza foi me levando. Eu só pedia a Deus que aquilo acabasse e que um barco ou uma aeronave passasse e me socorresse.
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Quando estava em alto-mar, avistei esse local e fui nadando até lá. Tentava subir na pedra e nada. Uma onda veio, e deixei o meu corpo me levar. Agarrei nos corais, consegui subir e vi que ali não dava para ficar. Descansei um pouco, pulei na água, fui para outra ilha e achei uma gruta, onde tinha um tronco podre, que usei como travesseiro e cochilei. De noite, na terça, começou a chover, e acordei. Molhei a boca com as gotinhas. Ao longo dos dias, fui caminhando para arrumar um lugar melhor. Achei uma corda que os pescadores usam para a travessia de uma ilha a outra. Subi nela e fui até uma cabana.
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Fiquei sentado o dia todo esperando por ajuda. Eu sacudia a camisa para ver se o pessoal da praia enxergava, mas era em vão. Na quarta, fiz uma prancha com uma porta e apoiei a barriga. No fundo, coloquei um isopor, pulei em cima e fui até certo ponto. Mas a correnteza não me deixou passar para Grumari, ela me jogou de novo para a ilha.
Tentei fazer isso o dia todo. Com medo de escurecer e eu ficar no mar, voltei nadando para a ilha. Nesses seis dias, encontrei dois limões, que comi. Tinha um pouco de carvão e, como a fome era grande, comi um pedaço de carvão para enganar o estomago. Eu só pensava na minha neta, que não a veria mais. Eu não conseguia mais andar, meu pé doía muito. Falei com Deus.
No sábado, por volta das 8h ou 9h, quatro surfistas passaram de jet-skis. Eles me pediram para aguardar. Fiquei deitado esperando e em seguida escutei a voz de um bombeiro me chamando. E veio o resgate.
Foram os seis piores dias da minha vida. Fiquei sem comer, bebendo água de chuva e do mar. No sábado só tinha água salgada.
Quando encontrei minha namorada, minha filha e minha neta, elas ficaram muito felizes. Eu acredito em Deus.
Não me considero um náufrago igual ao do filme (personagem, interpretado por Tom Hanks, que caiu numa ilha com frutas e uma bola de vôlei). Aqui eu não tinha nada.”
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Fonte: Portal G1