jardineiro e bombeiro que o resgatou de ilha no Rio se reencontram

Seis dias e cinco noites isolado numa ilha. A história do jardineiro Nelson Nedy Ribeiro, de 50 anos, que foi arrastado até a Ilha das Palmas, em Grumari, na última terça-feira (9), é digna de um filme. A luta pela sobrevivência em meio ao ambiente isolado e o modo como o acidente ocorreu — o morador de Vargem Grande observava o mar na Praia de Grumari quando foi atingido por uma onda e arrastado pela correnteza até a ilha — surpreendeu até mesmo a equipe de resgate. O primeiro-sargento Alexandre Soares Bento foi o bombeiros que foi até a ilha para resgatar o jardineiro. Ele conta que a primeira frase lavra de Nelson foi: “Minha filha sabe que eu estou aqui?”. O militar falou sobre o estado em que a vítima foi encontrada.

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— Estávamos de sobreaviso porque era o último dia de ressaca e tínhamos um informe da Marinha e dos Bombeiros sobre a ressaca do mar. Fomos acionado por telefone que uma vítima estava na Ilha das Palmas. Imediatamente, avançamos para o local de moto aquática e encontramos a vítima com uma necessidade especial de resgate. Ele estava deitado, muito fraco e pouco respondia — conta o primeiro-sargento que completa:

— Eu fiquei observando ele, acompanhando os sinais vitais. A aeronave chegou e levamos ele. A primeira frase foi se a filha sabia que ele estava lá.

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O bombeiro conta que a ilha é selvagem e tudo potencializa para dificultar o salvamento.

— Nesses 24 anos de trabalho, fizemos muitos treinamentos, que ajudou no resgate. Realmente, a gente vê só em filme. Na vida real foi surpreendente ver que ele bebeu água do mar, água da chuva e está vivo hoje. Ele é uma pessoa do bem, está muito grato pelo salvamento

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O major Fabio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros, fez uma série de recomendações para quem quer apreciar o mar e lembrou que Nelson teve um “misto de sorte e habilidade”. O bombeiro pede que as pessoas informem suas famílias quando saírem de casa para irem à praia. No dia do acidente, o jardineiro não disse para a filha que iria a Grumari.

— A gente sempre recomenda que as pessoas fiquem nos mirantes porque são locais seguros. Não desçam para as pedras e costões. As pedras e costões têm duas situações muito perigosas: ondas que surpreendem e acabam arrastando as pessoas para dentro do mar. E a segunda são as quedas. As recomendações que as pessoas não fiquei nas pedras em dias de ressacas e à noite. Os nossos guardas-vidas sempre estão aqui pedindo atenção das pessoas. Pedimos que eles respeitem — diz o porta-voz dos bombeiros.

O jardineiro Nelson Ribeiro foi resgatado de ilha após seis dias isolado
O jardineiro Nelson Ribeiro foi resgatado de ilha após seis dias isolado Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

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Contreiras conta sobre as particularidades do Mirante do Roncador.

— Em dias normais, aqui temos as correntes de retorno. Essas valas estão perto das pedras e levam para o fundo do mar. Por mais que o mar esteja calmo, as pessoas podem ser vítimas. O limo é um facilitador para que as pessoas não consigam voltar para a pedra.

Já sobre o resgate de Nelson em uma ilha, o major finaliza:

— Esse fato é incomum. Mas a gente atende ocorrências de diversos tipos. Ele teve um misto de sorte e competência porque ele flutuou por cerca de dois quilômetros. A corrente levou ele até lá. Ele foi habilidoso e calmo, já que atletas profissionais muitas vezes até morrem nesse tipo de situação, e também sorte porque a corrente marítima poderia levá-lo para qualquer lugar, inclusive para alto mar.

Fonte: Portal G1