Na Baía de Guanabara, a cooperativa comandada por Alaildo Malafaia trabalha há anos pela conservação dos manguezais. No Complexo da Maré, é por um aplicativo de mensagens, hoje acessível à maioria, que Vinicius Lopes recebe reclamações e busca soluções para problemas no saneamento do conjunto de favelas. Enquanto Anne Catadora usa um canal de vídeo, o Cataflix, para promover a conscientização sobre a reciclagem do lixo. São ações que fazem diferença localmente, no território onde estão implantadas. Mas que põem em prática uma agenda global na busca por um planeta mais sustentável — uma ideia que atravessou toda a primeira etapa da Glocal Experience, encerrada anteontem na Marina da Glória, na Zona Sul do Rio, onde Alaido, Vinicius e Anne, junto com outras dezenas de agentes transformadores, compartilharam experiências com acadêmicos, lideranças de entidades da sociedade civil, empresários e ativistas brasileiros e internacionais.
A Glocal Experience é uma iniciativa da Dream Factory, com a co-realização da Editora Globo e os parceiros oficiais de mídia O GLOBO, Extra, Valor e CBN. Nela, por onde passaram 38 mil pessoas em nove dias, arte, cultura, conteúdo e tecnologia se tornaram meios de reflexão sobre o que e como agir para concretizar a Agenda 2030, baseada nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
— É preciso engajar as pessoas naquilo que você quer transformar — apontou, como um dos caminhos para a mudança, Ilona Szabó, cientista social fundadora do Instituto Igarapé e integrante do Conselho Consultivo de Alto Nível do Secretário-Geral da ONU sobre multilateralismo eficiente.
Mobilizar por um amanhã melhor, aliás, foi um dos propósitos mais evocados na Conferência do evento, que reuniu 170 palestrantes ao longo de mais de 80 horas de debates. Um percurso que, apesar de as atividades na Marina terem terminado, está apenas começando em outras frentes. O espaço para debater sustentabilidade continua vivo, com uma escuta social nos próximos meses em que agentes multissetoriais do Rio vão se reunir e mapear o que pode ser feito hoje para influenciar o futuro. E, numa plataforma digital, também vão seguir ecoando os quatro grande pilares dos debates que ocorreram na Conferência da Glocal: água, clima, energia e resíduos.
— Colocamos o assunto em alta e, agora, temos a responsabilidade dar sequência. O principal pilar dessa continuidade são os cenários transformadores, que é um trabalho que a gente faz junto com a Reos Partners (organização internacional que atua no desenvolvimento de soluções para grandes questões da humanidade) — explica Rodrigo Cordeiro, diretor-geral da Glocal Experience. — Agora, vamos para os lugares onde as coisas realmente acontecem, organizar um processo de escuta, e fazer com que essa escuta tenha um fluxo organizado de entregas para que as pessoas que participaram dessa construção se sintam em um ambiente seguro.
A causa, diz ele, é uma só. Mas as vozes que vão construir as soluções têm de ser múltiplas.
— É um grupo formado por pessoas diversas e que, teoricamente, podem divergir em tudo. Mas, talvez haja um ponto de convergência entre elas que, dentro de um ambiente seguro, a pessoa consiga desarmar um pouco a vontade de divergir para encontrar uma convergência — acredita Cordeiro. — Nós, enquanto Glocal, vamos mergulhar nisso e entender onde nasce a dor, o problema, e encontrar quais são os cenários reais e transformadores — diz Cordeiro sobre uma jornada que se manterá em andamento até 2030.
Os 17 Objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS)
- Erradicação da pobreza
- Fome zero e agricultura sustentável
- Saúde e bem-estar
- Educação de qualidade
- Igualdade de gênero
- Água potável e saneamento
- Energia limpa e acessível
- Trabalho decente e crescimento econômico
- Indústria, inovação e infraestrutura
- Redução da desigualdade
- Cidades e comunidades sustentáveis
- Consumo e produção responsáveis
- Ação contra mudança global do sistema
- Vida na água
- Vida terrestre
- Paz, justiça e instituições eficazes
- Parcerias e meios de implementação
Fonte: Portal G1